Um novo estudo põe em causa a ideia de que a arte pré-histórica era uma actividade maioritariamente de homens solitários, apontando antes que esta era produzida em família com crianças.
Muitos de nós temos uma veia artística mais activa na infância e parece que essa tendência não é de agora.
Um novo estudo publicado na The Journal of Archaeological Sciences analisou 750 marcas de mãos datadas do Paleolítico em várias partes da Europa Ocidental e concluiu que quase um quarto destas pinturas foram feitas por crianças entre os 2 e os 12 anos.
Esta descoberta veio abanar a percepção que tínhamos da arte pré-histórica, que era considerada uma actividade solitária maioritariamente masculina e não algo que se fizesse em família e que incluísse a participação de crianças, nota o Ancient Origins.
Foram analisadas 180 pinturas nas cavernas espanholas de El Castillo, Maltravieso, Fuente de Salín, Fuente del Trucho e La Gama, datadas de há 20 mil anos, com modelos de pinturas de mãos em 3D. Cada obra foi também sujeita a uma análise biométrica para se estimar a idade do artista.
O que sugere que as obras eram um actividade em família e não apenas as crianças a expressarem-se sozinhas é a ideia de que as crianças não tinham força suficiente para pressionarem os pigmentos, exigindo assim a ajuda dos pais ou outros membros da comunidade.
Não é fácil distinguir uma mão de uma criança da de um adulto mais pequeno e como estas imagens eram feitas com o sopro de pigmentos através de juncos ocos ou ossos enquanto a mão estava na parede, a marca pode ser ligeiramente maior do que a mão que a criou. Os investigadores tiveram em conta este detalhe e mesmo assim estimam que um quarto das marcas eram de crianças.
O seu problema que põe em causa a precisão da estimativa é a questão sobre quem exactamente é um adulto. “É um conceito influenciado por vários factores de desenvolvimento biológico e osteológicos e a construção social da ideia, que reflecte as crenças e necessidades de uma sociedade num determinado momento”, escrevem os autores do estudo.
Os investigadores acrescentam que, por causa disto, as terminologias usadas nas definições variam de acordo com a época e os autores.
“Em algumas cavernas, encontramos padrões, faltam algumas das mãos ou têm dedos dobrados e as posições repetem-se numa ordem específica. Queremos descobrir se isto é um código que eles sabiam interpretar, da mesma forma que hoje interpretamos um sinal de STOP”, remata Verónica Fernández-Navarro, principal autora do estudo.
Os adultos não tinham tempo para pinturas rupestres, tinham que ir para a caça. Enquanto que os putos ficavam na gruta a fazerem pinturas.