Adolescente espancada. Bullying: os 8 tipos, o trauma que fica e como reagir

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Caso noticiado no Porto recupera uma discussão que, infelizmente, continua. Mas já começa a haver outras consequências para quem ataca.

Três adolescentes estavam na estação de metro na Trindade, no Porto, quando uma delas foi brutalmente espancada pelas outras duas.

A jovem agredida chama-se Inês e tinha 17 anos no dia do ataque – foi em Julho de 2022. Foi arrastada, levou pontapés e socos, ficou com diversas pisaduras.

“Ela podia ter tido uma hemorragia interna. A Inês podia ter morrido ali com aquela brutalidade”, reagiu a mãe, no Correio da Manhã.

Inês tem craniofaringioma, um tumor cerebral raro que pode causar a perda de visão e que deixou Inês com uma capacidade permanente de 60%. E tinha sido operada pouco antes das agressões.

A jovem não contou a verdade à mãe, na altura. Alegou que foi uma brincadeira na praia que acabou mal.

Mas, dois meses depois, também numa estação de metro, Inês teve um ataque de pânico e, aí sim, revelou à mãe o que tinha acontecido.

Foi apresentada uma queixa na Polícia de Segurança Pública – que foi arquivada no final de 2022.

Neste sábado, o assunto voltou porque o vídeo das agressões foi partilhado nas redes sociais.

A mãe de Inês viu as imagens. Agora, vai pedir a reabertura do processo: “Por todas as Inês, todos os meninos agredidos e mortos. As pessoas têm que ser sancionadas. Tem que haver justiça”.

A Justiça está a mudar

Inês, que tem um atraso cognitivo, ficou com sequelas psicológicas e dificilmente sai de casa sozinha.

Este não será um caso de bullying, como estamos habituados a classificar – porque, pelo que percebemos, não é um comportamento repetitivo.

A mãe contou o que uma das outras adolescentes disse: “Contou que a minha filha falou mal da filha dela. Mesmo que tivesse falado, aquela brutalidade não deveria existir. Falava com ela, conversava! Não era assim!”.

Mas os ataques entre crianças ou adolescentes, infelizmente, continuam a ser assunto.

Mas a Justiça está a mudar, em diversos casos. O mais recente foi noticiado nesta segunda-feira, em França: quatro adolescentes foram considerados culpados por ofenderem um colega gay, na escola – um jovem que cometeu suicídio depois. A pena será anunciada em Janeiro e pode chegar a prisão de um ano e meio.

O caso virou assunto nacional e reforçou as preocupações sobre o bullying escolar (que, reforçamos, pode não ser o caso da adolescente no Porto).

Os 8 tipos

O bullying tem como origem a palavra inglesa “bully”, ou seja, cruel, perseguidora ou opressora.

São actos violentos, intencionais e repetidos contra uma pessoa indefesa, que podem causar danos físicos e psicológicos às vítimas.

E não se limita à escola ou ao local de trabalho; pode surgir na rua, numa igreja, numa associação, num clube…

Há 8 tipos de bullying, enumera a revista Veja Saúde.

O físico e o verbal (o mais comum) são os mais comentados. Há também o bullying escrito (através de bilhetes, cartazes, desenhos…) e o material (estragar, roubar ou atirar bens).

Depois aparece o também muito conhecido cyberbullying (publicações online, e-mails, fotos) e também o bullying moral (difamação, intimidação ou calúnias, aproveitando características do alvo).

Por fim, o bullying social (rumores, ignorar, gozar) e o bullying psicológico (pressão mental, por vários meios).

Trauma que não passa

Tomás, nome fictício, tinha 4 anos quando sofreu o primeiro pontapé; e defendeu-se, também com violência.

Tinha sido agredido por um colega de turma, que não pediu desculpa – e terá interiorizado que podia continuar.

Como o passar do tempo, a violência foi aumentando e espalhou para o resto da turma.

Tomás deixou de brincar com os colegas, que tinham deixado de brincar com ele (ordem do colega que lhe deu um pontapé).

Foi agredido e discriminado, vítima de vários crimes na escola. A COVID-19 agravou a situação – os colegas diziam que ele era o culpado pela pandemia.

Mudou de escola e hoje, com 10 anos, faz terapia, mas o trauma não foi esquecido.

“O meu filho começou a ser vítima com 4 anos de idade e sofreu o pico da violência aos 8 anos. Pensávamos que íamos conseguir resolver o problema com a ajuda dos professores e com os pais dos colegas de escola, mas era uma ilusão”, disseram à Lusa os seus pais.

Aos 8 anos, Tomás chegou a dizer à sua mãe que pensou em suicídio.

Daqui a três meses vai mudar de escola – o trauma pode voltar à superfície a partir de Setembro, embora os pais vejam um filho mais forte do que antes.

Como reagir

É preciso estar atento aos sinais, sobretudo entre os mais novos, avisa a CUF: medo de ir à escola, descer as notas, afastar-se dos amigos, deixar de fazer o que gosta, dificuldade em adormecer e ter pesadelos, perda de apetite, dores de barriga, de cabeça, enjoos, tonturas, suores e batimento cardíaco acelerado.

No momento dos ataques, um espectador também é protagonista. Mesmo que involuntário. O silêncio ou os risos de quem está à volta só reforçam esses ataques verbais – mas também podem ser uma reacção instantânea, para não se tornarem no alvo seguinte.

A primeira reacção deverá ser tentar travar o momento ou denunciar o crime. Na escola, aposta-se na prevenção e em intervenções integrativas, juntando vítima, agressor, pais e professores.

No geral, ajudar uma vítima passa essencialmente por apoiá-la e incentivá-la a pessoa a contar a alguém (pais, professores ou outros profissionais). Mas também compreender se a vítima não quiser contar.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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2 Comments

  1. As criaturas que cometeram as agressões devem ir dentro. Devem ter prisão efectiva para servir de exemplo. Isto está a ultrapassar todo o tipo de limites do aceitável. Cadeia com essa gentalha.

    • Prisão a quem? Menores? Desde os 4 anos que fazem bullying?
      Não, isto não se resolve com prisão, resolve-se sim com umas boas chapadas! Lembro-me muito bem quando havia alguns desses tipos na escola, os professores davam uma boa chapada! Eram humilhados perante a turma e servia de lição. Até os pais sentiam vergonha pelo seu filho ser chamado á atenção! E até lhes davam uma coça, diante de todos se necessário! Isso tudo implica disciplina aos miúdos!
      Hoje, como tal não existe, acaba por ser substituído por um sentimento de impunidade! E pronto temos isso! E agora estamos todos ofendidos e admirados?
      Eu nunca fui nessas conversas, pois sempre soube distinguir o necessário das “modernices”! Meus filhos sempre foram disciplinados da forma certa! Nunca fizeram bullying e sabem se defender a si e os amigos de tipos desses! Porque sabem que a violência existe, e que esta deve ser usada para se defenderem!

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