Enquanto procurava restos de supernovas, um estudante do ensino secundário descobriu o brilho de um buraco negro adormecido. Pode mesmo ser um dos maiores alguma vez descobertos.
Julian Shapiro tem 17 anos. Ainda tem idade aceitável para jogar à “apanhada”. Mas o que ele gosta mesmo de “apanhar” são supernovas no cosmos.
Numa das suas buscas, o jovem prodígio da astronomia encontrou os fantasmas cósmicos que os especialistas, vulgarmente, designam como “ecos de luz”.
Como explica a Live Science, muito tempo depois de um buraco negro morrer, ainda se pode ver o seu fantasma nas nuvens de gás circundantes, incandescentes com os restos de radiação, como se fossem feixes de fumo que emanam de uma chama já extinta. E foi isso que Julian Shapiro encontrou.
Shapiro, 17 anos, é aluno da escola secundária Dalton School, em Nova Iorque. Nos tempos livres, é também um astrónomo independente que faz apresentações em conferências globais; e conta já com vários prémios importantes na área.
Descoberta monumental
Acredita-se que o objeto – que Shapito acredita ser um eco de luz – pertence a um maiores dos buracos negros já vistos, situando-se num campo de potenciais buracos negros supermassivos, anunciou numa apresentação feita na última quinta-feira, na Cimeira Global de Física da Sociedade Americana de Física (APS).
Atualmente, Shapiro estima que o eco de luz tenha um diâmetro de cerca de 1,5 a duas vezes a largura de toda a galáxia Via Láctea. Se as estimativas do jovem se confirmaram,este será um sério candidato a maior eco de luz alguma vez descoberto.
Usando medições do Grande Telescópio da África Austral, o jovem encontrou elevados teores de oxigénio e enxofre ionizado espalhados na região – ambos indicadores de material em choque.
Estes sinais sugerem que o objeto é mesmo o rescaldo de um buraco negro agora adormecido, que em tempos expeliu radiação que ionizou o gás circundante, fazendo com que este emitisse luz mesmo depois de o buraco negro se ter acalmado.
Velhas raposas aplaudiram Shapiro
Sasha Plavin, um investigador de buracos negros da Universidade de Harvard que não esteve envolvido na investigação de Shapiro aplaudiu esta constatação.
“Gosto muito do cuidado com que [Shapiro] analisou estas imagens”, disse, em declarações à Live Science. “Estes eventos galácticos são sempre interessantes, e penso que estes ecos são uma ótima forma de os estudar”, acrescentou.
Plavin está agora interessado em ver como este novo eco de luz se compara a outros – se ocorreu mais rápido ou mais devagar do que os exemplos existentes.
“Colocar esta descoberta num contexto mais alargado pode ser útil no futuro”, notou. Ecos como o que Shapiro descobriu podem ajudar-nos a aprender mais sobre o comportamento dos buracos negros no coração das galáxias.