Cientistas fazem soar o alarme sobre ameaças de cibersegurança na genómica. Medidas de segurança não acompanham a evolução.
Investigadores das áreas da cibersegurança e biotecnologia não hesitam e alertam para uma nova e preocupante ameaça: piratear ADN.
O estudo sobre “desafios da ciber-bio-segurança na próxima geração” avisa que as tecnologias de sequenciação genómica de última geração estão a evoluir mais rapidamente do que as medidas de segurança.
Ficam assim vulneráveis a ciberataques, roubo de dados, infiltração de malware e até sabotagem biológica.
A sequenciação de nova geração combina biologia com informática, expondo o processo a riscos únicos em todas as suas fases.
Os investigadores destacam que a rápida expansão da sequenciação de nova geração – em áreas como testes de ancestralidade, diagnóstico de doenças e medicina personalizada – tem ultrapassado o desenvolvimento de protocolos de segurança apropriados.
Esta discrepância deixa grandes quantidades de dados genéticos pessoais expostos a potenciais abusos.
“Os dados genómicos são dos mais pessoais que possuímos,” reforça a Dr.ª Mahreen-Ul-Hassan, coautora do estudo, em comunicado.
“Se forem comprometidos, as consequências vão muito além de uma violação de dados comum“, realça.
Por outras palavras, são ameaças emergentes “assustadoras”, descreve o The Debrief.
O estudo identifica várias vulnerabilidades críticas ao longo de toda a cadeia da sequenciação de nova geração: preparação das amostras de ADN, a sua sequenciação, análise e armazenamento em nuvem de dados.
Uma das descobertas mais inquietantes é a possibilidade de o ADN ser utilizado como veículo para código malicioso. É uma ameaça real, não é só teoria teórica.
Outra preocupação: a facilidade com que dados genómicos anonimizados podem ser reidentificados. Mesmo sem nomes associados, sequências de ADN com repetições curtas em tandem (STRs) podem ser cruzadas com bases de dados genealógicas públicas – e assim revelam identidades.
É um crime que compromete a privacidade, mas também pode originar casos de chantagem, discriminação e fraude médica ou de seguros.
O estudo alerta ainda para o papel das tecnologias emergentes, como a inteligência artificial (IA), no agravamento destes riscos. Sistemas de IA podem criar estratégias de ataque sofisticadas, manipular pedidos de síntese de ADN ou desenvolver malware específico para atacar ferramentas bioinformáticas.
Os softwares de análise de sequências e as pipelines bioinformáticas são particularmente vulneráveis, podendo os atacantes alterar interpretações genéticas de forma silenciosa. O estudo alerta ainda que, uma vez inseridos nos registos médicos ou bases de dados científicas, os dados comprometidos podem causar danos sem serem detetados.
Agradeçam aos cientistas estas embrulhadas em que meteram a humanidade. Que pesadelo! Isto está demasiado ficção-científica para meu gosto.