ADN reescreve a história da “antiga capital da Grã-Bretanha”

Paul Stephenson / Wikimedia

Yesnaby Castle, nas Órcades.

Yesnaby Castle, nas Órcades.

Uma equipa de investigadores usou ADN antigo para reescrever a história das ilhas Órcades, mostrando que estas passaram por uma fase de imigração em grande escala durante o início da Idade do Bronze, que substituiu grande parte da população local.

As ilhas Órcades são um arquipélago no Mar do Norte, a cerca de 16 quilómetros do Norte da Escócia. Foram inicialmente colonizadas por pictos e vikings, mas atualmente pertencem à Escócia.

As Órcades são também mundialmente famosas pelo seu património arqueológico. Há cerca de 5.000 anos, o arquipélago era um centro cultural extremamente influente. Alguns historiadores descrevem-no como “a antiga capital da Grã-Bretanha”, relata o SciTechDaily.

À medida que a civilização avançou para a Idade do Bronze, as Órcades ficaram esquecida no tempo e perderam relevância. Todavia, pouco se sabia sobre o que teria causado esta calamidade.

Os investigadores recorreram ao ADN de restos mortais da Idade do Bronze, encontrados no sítio arqueológico de Links of Noltland, na ilha de Westray. Os resultados além de bastante reveladores, são também igualmente surpreendentes.

“Esta investigação mostra o quanto ainda temos que aprender sobre um dos eventos mais importantes da pré-história europeia – como é que o Neolítico chegou ao fim”, disse Martin Richards, da Universidade de Huddersfield, no Reino Unido.

Embora fosse um território isolado, houve um elevado fluxo de imigração, que substituiu uma grande parte da população local.

Os recém-chegados foram provavelmente os primeiros a falar línguas indo-europeias e tinham ascendência genética derivada em parte de pastores que viviam ao norte do Mar Negro.

Isto vem em linha com aquilo que estava a acontecer no resto da Europa, mas há uma particularidade que distingue as Órcades.

Ao contrário dos outros fluxos migratórios, nas Órcades, os recém-chegados da Idade do Bronze eram principalmente mulheres. As linhagens masculinas da população neolítica original sobreviveram por pelo menos mais mil anos: algo que não visto em nenhum outro lugar.

Mas porque assistimos a isto neste arquipélago? Para os investigadores, a resposta pode estar na estabilidade a longo prazo e na autossuficiência das quintas nas Órcades.

Quando uma recessão atingiu a Europa no final do Neolítico, os habitantes das Órcades podem ter estado colocados numa posição privilegiada para enfrentar tempos mais difíceis.

Os resultados surpreenderam tanto arqueólogos como geneticistas, embora por razões diferentes: os arqueólogos não esperavam uma imigração em grande escala, enquanto os geneticistas não previam a sobrevivência das linhagens masculinas neolíticas.

Os resultados do estudo foram recentemente publicados na revista científica PNAS.

Daniel Costa, ZAP //

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