França, Alemanha e Polónia denunciam “numerosas irregularidades” nas eleições legislativas que têm de ser travadas no país para que possa aderir à União Europeia.
Numa declaração conjunta no início de dois dias de reuniões europeias em Budapeste o Presidente francês, Emmanuel Macron, o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, condenaram os resultados fraudulentos das eleições legislativas na Geórgia, que decorreram no dia 26 de outubro.
Quem ganhou as eleições no país foi partido Sonho Georgiano (54% dos votos), que está no poder desde 2012 e acusado pelos adversários de tendências conservadoras e autoritárias pró-russas e de querer afastar a Geórgia da UE e da NATO.
Tiblissi tem sido palco de protestos nos últimos dias por parte dos eleitores pró-Europa, que se recusam a reconhecer os resultados oficiais das eleições e acusam o governo russo de os ter influenciado.
A própria presidente do país, Salome Zourabichvil, rejeitou os resultados oficiais e garante que a Geórgia foi vítima de pressões de Moscovo contra a adesão à UE, conta a Euronews. Zourabichvili, que ocupa um cargo maioritariamente simbólico, incitou os EUA e a UE a apoiarem as manifestações.
E a UE seguiu o conselho. “Se a Geórgia não mudar de rumo, demonstrando esforços concretos em termos de reformas (…), não estaremos em condições de apoiar a abertura de negociações de adesão deste país à União Europeia”, garantiram hoje os líderes francês, alemão e polaco, citados pela Lusa.
Com esta declaração, Paris, Berlim e Varsóvia, que formam aquilo o chamado Triângulo de Weimar, estão a tentar aumentar a pressão, explica a Lusa.
Os três países afirmaram estar “profundamente preocupados com as numerosas irregularidades e com a intimidação dos eleitores” registadas pela missão internacional de observação, e pedem que “todas as queixas sejam investigadas e que as irregularidades sejam divulgadas”.
O Kremlin negou qualquer intervenção nas eleições georgianas, mas, explica a AFP, os resultados estão a ser investigados. O partido vencedor tinha já garantido que, embora continuasse a pretender a adesão à UE, queria “restabelecer” os laços com a Rússia.
A agência lembra ainda que “em 2008, a Geórgia travou e perdeu uma breve guerra com Moscovo, que depois reconheceu a independência de duas regiões georgianas separatistas e reforçou a sua presença militar nessas regiões”.