Acupuntura funciona? Nem por isso

Confiança limitada nos seus efeitos, defende um novo estudo. Muitas conclusões têm provas “muito fracas”.

A acupuntura é um método de diagnóstico, e de tratamento, que consiste em agulhas colocadas em pontos “estratégicos” do corpo, dependendo do problema em causa, para tentar restabelecer a fisiologia através de efeitos locais, segmentares e supra segmentares.

Em Portugal, há muito tempo que deixou de ser um tratamento de nicho e agora diversos hospitais têm acupuntura na sua lista de possíveis tratamentos.

A acupuntura, explica por exemplo a CUF, resulta porque estimula e liberta substâncias endógenas, endorfinas, neurotransmissores e hormonas que vão modelar o sistema nervoso central e autonómico, promovendo o equilíbrio do organismo sem a administração de qualquer substância química.

No entanto, os seus efeitos são limitados. As provas dos efeitos positivos da acupuntura são muito fracas.

Estas são as duas conclusões principais (repetidas) num estudo publicado na revista científica JAMA Network Open, citada pelo jornal Público.

“Em centenas de ensaios clínicos e revisões sistemáticas para dezenas de problemas de saúde, muitas conclusões têm provas muito fracas”, defendem os autores, de um centro médico em Los Angeles (EUA).

Nesta análise foram aprofundados 434 trabalhos de revisão científica sistemática publicados entre 2013 e 2021; a maioria relacionada com pessoas que tinham dores (costas, por exemplo), mas também em casos de enfartes cardíacos ou saúde mental.

A publicação defende também que a acupuntura deve apostar na produção de “ensaios clínicos de maior qualidade”.

E deixam outros avisos em relação à acupuntura actual: muitas agulhas não penetram na pele e faltam conversas, esclarecimentos, sobre o efeito placebo.

O lado positivo é que não foi detectado qualquer efeito adverso para a saúde, neste estudo.

O lado negativo, continuam os especialistas, é que procurar uma sessão de acupuntura é sinónimo de não procurar tratamento médico convencional, que poderia resolver o problema mais rapidamente. Ou seja, origina um atraso na procura por um médico e o problema em causa pode agravar.