Acordado em 16 horas de cirurgia. Operação em doente de Parkinson aconteceu no Porto

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A operação pioneira ao doente de Parkinson aconteceu no Hospital de S. João, no Porto, há 20 anos. Agora, os pacientes já recebem anestesia geral.

Jesualdo Castro foi o doente com Parkinson que, há 20 anos, foi operado no S. João. O paciente esteve acordado durante as 16 horas de cirurgia e lembra-se de tudo.

O paciente recorda-se desde o momento em que entrou para a sala de operações até à felicidade da equipa médica com sucesso da cirurgia, relembra o Jornal de Notícias.

Jesualdo, diagnosticado com Parkinson, foi o primeiro utente a ser operado em Portugal. A cirurgia pioneira foi realizada no Hospital de São João, no Porto.

Mas nos últimos 20 anos, “muito mudou”. Com a “evolução tecnológica grande”, foi possível “melhorar a capacidade técnica”. Os doentes, atualmente, já recebem anestesia geral, enquanto são operados.

Jesualdo Castro, esteve 16 horas na sala de operações, enquanto decorria a cirurgia, e permaneceu acordado tempo todo.

Ao jornal de Notícias, o paciente com agora 67 anos, admite ter sentido receio de que algo corresse mal, tendo chegado a perguntar ao médico quais eram as probabilidades de ter um derrame cerebral (o risco rondava 1%).

“Jesualdo estava a ter dificuldades para comer e para apertar qualquer coisa. Apesar da cirurgia ser uma novidade, não havia nada a que nos pudéssemos agarrar”, recorda Gracinda Freitas, a esposa de Jesualdo Castro.

“Há 20 anos, quando os nossos doentes não controlavam a doença com a medicação e tinham possibilidades económicas, iam ao estrangeiro fazer a cirurgia. Os outros ficavam e não tinham alternativa. Isso incomodou-me imenso: não sermos capazes de dar a mesma qualidade de resposta de outros países”, admitiu Rui Vaz, neurocirurgião e diretor do serviço de Neurocirurgia do Hospital de S. João.

Os riscos da operação, de acordo com Rui Vaz, são baixos. A taxa de complicações sérias é inferior a 1,5% e a de mortalidade está abaixo de 0,5%.

Na primeira cirurgia, há 20 anos, o neurocirurgião admite que a equipa médica teve medo “porque era, realmente, uma coisa em que não tínhamos experiência”.

“Íamos dar um passo importante e se algo corresse mal não nos sentiríamos confortáveis com esse facto, independentemente de toda a gente saber que não existem cirurgias sem risco. Mas esta era uma cirurgia que estava a começar e isso tornava as coisas mais complicadas”, conclui Rui Vaz.

ZAP //

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