Os ácaros que fazem sexo na nossa pele estão em risco de extinção (e isso são más notícias)

Universidade de Reading

A falta de diversidade genética nestes organismos põe em risco a sua sobrevivência. Apesar da má fama, estes ácaros ajudam a manter os nossos poros desbloqueados.

Os ácaros microscópicos que vivem na nossa pele têm má fama — são muitas vezes culpados pela acne, a rosácea ou pela comichão no escalpe —, mas fazem-nos mais bem do que mal ao manterem os nossos poros livres dos óleos em excesso que agravam as doenças de pele.

Mas estes bichinhos podem ter os dias contados. Um novo estudo publicado na Molecular Biology and Evolution concluiu que os ácaros estão em risco de extinção ao analisar o seu ADN.

A pesquisa descobriu que a relação dos ácaros com os humanos tem causado a perda de diversidade genética dos organismos. Os ácaros — que têm uma preferência especial pelos folículos nos nossos rostos e nos mamilos — têm uma experiência muito isolada ao viverem no nosso corpo, estando a chegar perto de um beco sem saída evolutivo, revela o Science Focus.

Havendo muitos poucos eventos onde os ácaros se misturam, os pares que se reproduzem têm passado os mesmos genes durante milhões de anos. Visto não se conseguirem proteger da radiação ultravioleta, os organismos escondem-se dentro dos nossos poros durante o dia e saem à noite para comerem e se reproduzirem.

Apesar de já andarem pela Terra há 200 milhões de anos, estes ácaros estão perto de desaparecerem. As análises ao genoma dos organismos mostram que estes só são passados da mãe para os filhos e com o passar das gerações, as diferenças no ADN ficam mais e mais pequenas. Eventualmente, a diversidade genética será tão baixa que se vão extinguir.

A pesquisa também acabou com um mito já muito antigo sobre os ácaros: que não têm ânus e que seguram as suas fezes durante toda a vida (que dura geralmente entre duas ou três semanas). Isto não é verdade e a deposição das fezes por parte destes organismos causa inflamação na pele e borbulhas.

Apesar de serem muitas vezes vistas como parasitas que só nos causam problemas , os autores do estudo sugerem que devemos reconsiderar a sua importância devido à ajuda que nos dão em manter os poros desbloqueados.

Assim, a nossa relação com os bichinhos pode antes ser descrita como uma simbiose, já que nos beneficiamos mutuamente.

Prevenir a sua extinção, no entanto, pode já não ser possível. “Acho que não podemos parar a natureza e não o devemos fazer. No entanto, a nossa pele saudável deve chegar para manter populações saudáveis durante as próximas gerações”, explica Alejandra Perotti, co-autora do estudo.

ZAP //

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