Acabam portagens, mas os pórticos ainda ameaçam. São “tentação” para o governo?

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A partir de amanhã, sete autoestradas do país serão gratuitas. Mas o imperativo é mesmo tirar os pórticos. Se não se paga, o que ficam lá a fazer?

A partir do dia 1 de janeiro, vai deixar de pagar para circular em 7 autoestradas ex-Scut. É o resultado de uma luta que se trava há 13 anos, lembra o JN.

São elas: A13 e A13-1 (Pinhal Interior), A22 (Algarve), A25 (Beiras Litoral e Alta), A23 (Beira Interior), A4 (Transmontana e Túnel do Marão) A24 (Interior Norte) e A28 (entre Esposende-Antas e entre Neiva-Darque).

No entanto, há algumas que não estão satisfeitas, e os seus utilizadores temem que os pórticos que ficam constituam uma ameaça: não se paga, mas um dia pode voltar a pagar-se.

A Comissão de Utentes da Via do Infante (CUVI) – A22, esclarece que “a luta ainda não acabou. Agora, o que se impõe é a desmontagem, sem demora, de todos os pórticos ao longo da via, para impedir a tentação de qualquer Governo de querer impor de novo portagens, que o Algarve nunca aceitará e combaterá sem tréguas”.

Também as Comissões de Utentes dos Serviços Públicos da Região do Médio Tejo defendem a ideia.  porta-voz, Manuel Soares, diz que há “necessidade de serem desinstalados os pórticos, porque existe o receio de que, com uma nova conjuntura, as portagens regressem. Já que foram implantadas, mantidas e abolidas de uma forma estranha, vamos manter-nos alerta para o que possa vir a suceder”.

Aponta ainda outro aspeto a cumprir: “É necessário melhorar a segurança nas vias e fazer a manutenção de algumas estradas secundárias, que ficaram muito degradadas com a excessiva utilização, por os condutores fugirem das portagens”.

Mas há quem, como Luís Garra, porta-voz da Plataforma P’la Reposição das SCUTS na A23 e A25, desvalorize a questão dos pórticos neste momento. O representante diz que não não quer “fazer disso bandeira”, já que “neste momento, parece-nos que é desviar as atenções. Não desprezamos essa exigência, mas o que importa, agora, é centrar o discurso na vitória de terminar o pagamento das portagens”, diz.

Mas não exclui a ideia de voltar tudo à estaca zero: “a Aliança Democrática é contra a abolição das portagens e não estamos livres de que uma alteração de forças na Assembleia da República venha a traduzir-se numa intenção de voltar a pagar-se portagens”.

A Infraestruturas de Portugal previu que, com o fim das portagens, vá perder-se 431,35 milhões de euros por ano. Tanto essa como outras concessionárias privadas deverão poder pedir uma indemnização ao Estado pela perda de receitas.

ZAP //

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3 Comments

  1. Não tenhamos ilusões.
    Quando eles avaliarem bem o prejuízo que vão ter, ou melhor, o que vão deixar de receber, instalam-nas outra vez.
    Sou um consumidor de AE’s mas sou também um defensor do utilizador/pagador.
    Ou todas gratuitas ou todas a pagar.

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