Abelhas a afogar-se usam as suas asas como hidrofólios para manobrar a superfície da água, criando ondas com os batimentos nas asas para “surfar” em direção à segurança.
Engenheiros do Instituto de Tecnologia da Califórnia relatam pela primeira vez que este método pode ajudar as abelhas a mover-se em velocidades de até três comprimentos corporais, permitindo que superem o atrito hidrodinâmico.
Num verão, Chris Roh viu uma abelha presa num lago, tentando nadar. Roh conseguia ver a forma como as asas agitadas da abelha criavam ondas na água. Usando esse conceito, Roh colocou mais de 30 abelhas, individualmente, numa panela cheia de água e apontou uma luz filtrada diretamente para as abelhas, a fim de ver como as suas sombras se moviam ao longo do fundo da panela.
De acordo com o estudo publicado este mês na revista especializada Proceedings of the National Academy of Sciences, os investigadores descobriram que quando uma abelha pousa na água, o líquido adere às asas e prejudica a capacidade aerodinâmica dos insetos. Essa viscosidade também permite que as abelhas arrastem água e criem ondas que as impulsionam para a frente.
No entanto, estas ondas não são simétricas. Em vez disso, uma onda de grande amplitude é gerada na água atrás da abelha, enquanto a água à sua frente permanece relativamente imóvel. Essa assimetria leva a abelha a avançar uma quantidade pequena.
“O movimento das asas da abelha cria uma onda e o seu corpo consegue seguir adiante”, disse a investigadora Mory Gharib, em comunicado, divulgado pelo EurekAlert.
Uma análise mais aprofundada dos vídeos em câmara lenta mostra que, em vez de bater as asas para cima e para baixo, as asas de uma abelha curvam-se para baixo para empurrar a água e para cima quando as asas puxam para trás e para fora da água. Esse movimento de puxar dá o impulso enquanto o movimento de empurrar constitui um golpe de recuperação.
Os investigadores também observaram que as asas também batiam mais devagar e em menor alcance quando as abelhas estavam na água. No ar, uma asa viajará entre 90 e 120 graus em comparação com menos de 10 graus quando sob a água.
O método de hidrofólio não permite que a abelha se propulse para fora da água, mas permite que “navegue” em direção à beira da água, para que possa eventualmente soltar-se. Os cientistas estimam que o inseto pode manter esse movimento durante cerca de 10 minutos.
Além de aumentar o nosso entendimento sobre locomoção, estas descobertas podem ajudar no campo da robótica. A equipa está atualmente a trabalhar num pequeno veículo híbrido aéreo-aquático robótico que usa a mesma estratégia para navegar na água.