Uma investigação realizada pela Microsoft sugere que o tempo de atenção dos seres humanos já é mais curto que o dos peixinhos dourados – e isso pode ser culpa da tecnologia.
O estudo foi feito no Canadá e envolveu 2 mil pessoas, que responderam a perguntas e participaram em jogos online para avaliar a sua capacidade de concentração.
Os investigadores realizaram também eletro-encefalogramas em outros 112 voluntários canadianos, para monitorizar a sua actividade cerebral.
Segundo a conclusão da pesquisa, a capacidade de concentração dos humanos está a ser reduzida, por culpa dos dispositivos electrónicos portáteis.
No ano 2000, a capacidade de atenção humana era, em média, de 12 segundos.
Em 2013, esta capacidade caiu para 8 segundos – menos 1 segundo do que a capacidade de atenção média estimada pelos cientistas de um peixinho dourado.
Três categorias
Os investigadores fizeram perguntas aos voluntários e pediram que eles participassem em jogos criados para medir a sua capacidade de atenção.
A partir das respostas, os participantes no estudo foram divididos em três categorias: alta, média e baixa capacidade de concentração.
Já os exames de eletro-encefalograma foram realizados enquanto os voluntários usavam vários tipos de media e participavam em actividades diversas.
Os investigadores analisaram quando é que a atenção destes voluntários passava de um assunto para outro.
Na pesquisa, os voluntários que usavam dispositivos digitais mais do que a média tendiam a apresentar mais dificuldades em se concentrar em situações onde a atenção era mais exigida.
“Os canadianos com um estilo de vida mais digital – os que consomem mais media, consultam vários écrans ao mesmo tempo, os entusiastas de redes sociais e os que adotaram a tecnologia mais cedo – têm mais dificuldade em se concentrar em ambientes onde a atenção prolongada é necessária”, dizem os cientistas.
Por quê? “Devido à adrenalina do que é novo“, acrescentam.
Os que adoptaram estas tecnologias mais cedo na vida, ou que as usam de forma mais constante, aprenderam com o tempo a permitir que grandes quantidades de informação fossem processadas antes de mudar o foco de atenção para outra coisa.
O resultado é que, nestes casos, o nível alto de concentração aumenta em picos.
“Eles são melhores a identificar os temas com que querem ou não querem envolver-se, e precisam de menos tempo para processar e guardar coisas na memória“, acrescentaram os pesquisadores.
Por outro lado, as pessoas que tendem a usar vários écrans ao mesmo tempo – como os que usam o telemóvel enquanto vêem televisão – tendem a ter dificuldade em filtrar a informação que chega por estes dispositivos digitais.
A notícia tranquilizadora dada pelos autores do estudo é que os nossos cérebros podem estar apenas a adaptar-se às novas tecnologias – e uma capacidade de atenção mais curta pode ser simplesmente um efeito colateral normal.
ZAP / BBC
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