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A tecnologia aponta uma “luz ao fundo do túnel” para os ecossistemas

A vida selvagem em todo o mundo enfrenta diversos problemas relacionados com a destruição do habitat, alterações climáticas e ameaça de extinção — e a tecnologia pode ser parte importante dos esforços para resolver estes problemas.

Há a ideia generalizada de que os avanços da tecnologia representam uma ameaça para a vida selvagem e biodiversidade do planeta.

No entanto, em vez de representar um problema, a tecnologia pode fazer parte da solução.

Esse é o caso dos inovadores projetos tecnológicos da San Diego Zoo Wildlife Alliance, organização internacional sem fins lucrativos que se dedica à conservação da vida selvagem e da natureza.

Nadine Lamberski e Megan Owen, duas das responsáveis da ONG, partilharam ideias com a Fast Company e explicaram a cultura de inovação que norteia a organização.

No ano passado, a associação lançou uma tecnologia de vigilância baseada em IA para acompanhar o estado de vida selvagem em regiões remotas e com difícil acesso. Além disto, a ONG trabalhou também com outras entidades de modo a clonar espécies que estão altamente ameaçadas e em perigo de extinção.

A idealização e a criação de soluções inovadoras para proteger os animais e os ecossistemas em todo o mundo permitiram ao San Diego Zoo Wildlife Alliance um lugar na lista da Fast Company como uma das empresas mais inovadoras do mundo em 2024.

Um exemplo de tecnologia usada para ajudar a combater os atuais problemas nos ecossistemas é o chamado SageBRUSH, sistema de IA com sensores visuais e acústicos capazes de monitorizar os habitats naturais — e que permitiu recentemente detetar uma necessidade de intervenção no Quénia.

Durante uma grave seca no Quénia, reparámos que os elefantes libertados no Sarah Wildlife Conservancy estavam a sofrer. As suas condições físicas estavam a degradar-se e foi necessário intervir”, explica a diretora de conservação e saúde da vida selvagem da Alliance, Nadine Lamberski.

A organização, que monitoriza o comportamento dos ursos polares que saem de hibernação em Svalbard, uma ilha do Ártico, desenvolveu também um sistema de câmaras capaz de suportar o frio intenso e operar em terreno montanhoso, suficientemente sensível para identificar um urso branco contra um fundo branco.

A equipa usa também drones equipados com sensores térmicos para identificar melhor a localização das tocas destes animais.

A clonagem de espécies é outra das áreas em que a San Diego Zoo Wildlife Alliance intervém. Recentemente, a organização contribuiu para a clonagem de cavalos de Przewalski e de furões de patas pretas, duas espécies em vias de extinção.

“A clonagem permitiu reintroduzir essas espécies no ecossistema e aumentar a  biodiversidade que, de outro modo, se teria perdido, o que nunca teria acontecido sem a recolha antecipada de amostras do seu ADN, na década de 1980″, conclui Lamberski.

Muitas vezes, nas últimas décadas, o avanço inexorável da tecnologia colocou em risco a biodiversidade do planeta. Estes são alguns dos exemplos da forma como, nos últimos anos, a tecnologia tem mostrado que também pode ajudar à sua preservação — e regeneração.

Soraia Ferreira, ZAP //

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