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Réplica da sonda soviética Venera 4; ao fundo, a Terra (montagem)
Depois de 53 anos em órbita, a nave espacial soviética Kosmos-482 regressou à Terra, entrando na atmosfera do planeta às 9h24 deste sábado, hora de Moscovo.
Segundo a agência espacial russa Roscosmos, a Kosmos-482 caiu no Oceano Índico, a oeste de Jacarta, na Indonésia. Projetada para pousar na superfície de Vénus, a sonda poderá ter permanecido intacta durante a queda.
A Kosmos-482 foi lançada em 31 de março de 1972, mas ficou presa na órbita da Terra depois de um dos seus propulsores ser ter desligado prematuramente. Andou desde então a vaguear à volta do nosso planeta.
O regresso da nave espacial à Terra trás à memória a feroz competição entre os programas espaciais russo e norte-americano, durante a Guerra Fria, que alimentou o sonho de que potências terrestres se poderiam projetar para o sistema solar, nota o The New York Times.
“Isto faz lembrar uma época em que a União Soviética era aventureira no espaço — em que talvez todos nós éramos também mais aventureiros no espaço”, disse Jonathan McDowell, astrofísico do Centro Harvard & Smithsonian, que rastreia objetos lançados em órbita. “É um momento um pouco agridoce, nesse sentido”.
Há mais de 50 anos, a 31 de março de 1972, a então União Soviética lançou um par de sondas espaciais destinadas a Vénus.
Enquanto a Venera 8 chegou com sucesso ao seu destino, a sua irmã gémea Kosmos 482 não teve a mesma sorte: um problema no foguetão Soyuz que a transportava impediu que a sonda ultrapassasse a órbita da Terra. Os restos da sonda, há muito tempo inativa, ficaram desde então a circundar o nosso planeta.
Nos momentos imediatamente antes do impacto a sonda deverá ter atingido velocidades de apenas cerca de 240 km/h. É possível que os detritos da sonda possam ter-se incendiado durante a reentrada atmosférica, mas não é certo que tal aconteça — precisamente devido aos objetivos da missão original da sonda.
“Como se trata de um módulo de aterragem que foi projetado para sobreviver à passagem pela atmosfera de Vénus, é possível que sobreviva intacto à reentrada através da atmosfera da Terra e chegue ao solo intacto”, explicou recentemente o observador de satélites e antigo arqueólogo holandês Marco Langbroek.