É possível que a vida tenha tido origem em reações químicas ocorridas dentro de fissuras rochosas em profundidade no subsolo, na Terra Primitiva.
A “química da vida” pode ter surgido numa fissura rochosa.
A conclusão é de um estudo, publicado esta quarta-feira na Nature, que teoriza que, na Terra Primitiva, aminoácidos e outras moléculas fundamentais para a origem da vida foram enriquecidos em “redes de fissuras rochosas”.
Como explica a New Scientist, essas “redes” terão fornecido uma espécie de “laboratório natural”, onde muitos dos blocos construtores da vida foram concentrados e separados de outras moléculas orgânicas.
Para comprovar a teoria, os investigadores da Universidade Ludwig Maximilian de Munique, na Alemanha, criaram uma câmara de fluxo térmico – do tamanho de uma caixa de fósforos – para simular o comportamento de moléculas orgânicas nessas fissuras rochosas.
Um lado da câmara foi aquecido aquecido a 25°C e o outro a 40°C. De seguida, o o movimento das moléculas foi induzido por termoforese – processo influenciado pelo tamanho, carga elétrica, e interações com o fluido.
18 horas depois, foi observada uma variedade de moléculas – incluindo aminoácidos e bases nucleotídicas do DNA – concentradas em diferentes partes da câmara, conforme a sua sensibilidade à termoforese.
Ampliando a experiência a 20 câmaras, os investigadores verificaram que houve um enriquecimento exponencial de diferentes moléculas. O aminoácido glicina, por exemplo, atingiu concentrações cerca de 3000 vezes superiores à da isoleucina.
Apesar desta experiência não provar nada sobre o eterno mistério da origem da vida, o potencial da “complexificação química” em ambientes naturais como o da Terra Primitiva ficou demonstrado.
Além disso e mais especificamente, constatou-se que as moléculas de glicina se conseguiram ligar entre si, à medida que a concentração de uma molécula que catalisa a reação chamada trimetafosfato (TMP) aumentou.