A perceção humana do tempo muda quando viajamos num comboio cheio de pessoas

Giacomo Giugiaro / Flickr

Para os investigadores, a aglomeração social num contexto virtual válido conduz a sentimentos negativos que, por sua vez, levam a uma maior duração da viagem percepcionada. 

A percepção que temos do quão rápido (ou quão lento) o tempo está a passar pode ser influenciada pelo facto de estarmos num comboio repleto de pessoas . Esta é uma das conclusões de um novo estudo que recorreu à realidade virtual e que tem assinatura dos investigadores da Universidade Cornell. Anteriormente, a equipa já tinha usado estimulação visual ou formas geométricas em investigações que provavam que a aglomeração social pode provocar nas pessoas uma sensação de que o tempo passa mais devagar.

No entanto a equipa não sabia se esta conclusão se aplicava igualmente a situações do mundo real. Para testar a possibilidade, usaram simulações de realidade virtual em viagens de comboio, nas quais os participantes foram inseridos em contextos simulados com durações aleatórias de 60, 70 ou 80 segundos, com níveis de concentração de pessoas que variavam entre 35 a 175 passageiros por carruagem.

Foram recolhidos dados do ritmo cardíaco durante a viagem e pedido posteriormente aos participantes que descrevessem o quão agradável ou desagradável esta tinha sido, bem como que dessem o seu melhor para adivinhar com precisão a duração da viagem. “Consideramos que a aglomeração social num contexto virtual ecologicamente válido conduz a sentimentos negativos que, por sua vez, levam a uma maior duração da viagem percebida”, explicou a equipa no estudo citado pela IFL Science.

Estas premissas estavam corretas, com os participantes a estimar que as viagens apinhadas demoravam cerca de 10% mais do que as viagens com menor aglomeração de pessoas. O prazer experimentado pelos passageiros teve um efeito maior, com as viagens desagradáveis a sentirem-se 20% mais longas do que as agradáveis. “Os resultados mostraram que o nível de aglomeração dentro do metro teve um efeito significativo na percepção do tempo de viagem”, escreveu a equipa no seu estudo, “um passageiro adicional por metro quadrado em média aumentou a duração percebida de uma viagem de 1-2 minutos em cerca de 1,8 segundos“.

A equipa acredita que os operadores de comboios beneficiariam se considerassem a relação entre o congestionamento e a percepção do tempo apresentada nos modelos. Sugerem também que a percepção lenta do tempo por parte das pessoas poderia ser aliviada se os veículos de transporte público fossem concebidos para tornar o fenómeno da sobrepopulação meno s desagradável.

“Este estudo destaca como a nossa experiência quotidiana das pessoas, e as nossas emoções subjectivas sobre elas, distorce dramaticamente o nosso sentido do tempo”, disse Adam K. Anderson, professor no Departamento de Psicologia da Universidade de Cornell, numa declaração. “O tempo é mais do que aquilo que o relógio diz. É como o sentimos ou valorizamos como um recurso”.

ZAP //

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