Um novo estudo resolveu o mistério das rochas lunares com altas concentrações de titânio.
Durante mais de meio século, os cientistas planetários viveram intrigados pelo alto conteúdo de titânio em muitos depósitos lunares, com algumas amostras a conter até 18% de dióxido de titânio (TiO2).
Este aspeto intrigante da geologia lunar tem confundido os especialistas desde que os astronautas da Apollo trouxeram de volta 380 quilos de rochas lunares, que incluíam um basalto misterioso com alto teor de titânio. Agora, um estudo inovador publicado na Nature Geoscience oferece uma explicação convincente, resolvendo um enigma de longa data na ciência lunar.
As amostras lunares das missões Apollo incluíam uma variedade de rochas. Algumas eram familiares aos geólogos, enquanto outras eram únicas devido às condições presentes apenas na Lua, como a ausência de água ou ar.
Entre estas, o basalto com alto teor de titânio, que forma os “mares” lunares, destacou-se. Este basalto diferia significativamente na composição relativamente aos seus equivalentes terrestres, particularmente nas suas concentrações de titânio 100 vezes maiores do que as encontradas na Terra.
A presença generalizada destas rochas com alto teor de titânio na Lua apenas aprofundou o mistério. O desafio chave era explicar como estas rochas se formaram e chegaram à superfície lunar, considerando a sua composição invulgar e baixa densidade em comparação com rochas semelhantes na Terra. Esta baixa densidade foi crucial para as erupções generalizadas que ocorreram há 3,5 mil milhões de anos, quando a Lua era vulcanicamente ativa.
Teorias anteriores sugeriram que estes basaltos ricos em titânio originaram-se de materiais no manto lunar conhecidos como cumulados portadores de ilmenite. No entanto, experiências que derreteram estes cumulados em laboratórios falharam em replicar as características únicas dos basaltos lunares. Além disso, a substância resultante era tão densa que parecia improvável que pudesse ter chegado à superfície, explica o IFLScience.
O novo estudo demonstrou que, quando os cumulados portadores de ilmenite reagem com minerais comuns como olivina e ortopiroxena, o derretimento resultante assemelha-se estreitamente aos enigmáticos basaltos ricos em titânio. Esta explicação não só tem em conta a composição única destas rochas, mas também explica a sua menor densidade, elucidando como estes derretimentos poderiam ter entrado em erupção na superfície lunar.
Esta pesquisa inovadora não só resolve um enigma geológico de longa data, mas também aprimora a nossa compreensão da história lunar.