A única coisa que a ciência diz, com certezas, sobre a ressaca é: não beba (tanto). “A ressaca é a maneira da natureza nos dizer para não voltarmos a beber”.
Dor de cabeça, náuseas, suores, cansaço, apatia (e, por vezes, culpa) – são estes os principais sintomas de uma ressaca.
Provavelmente não existe apenas uma causa para tudo o que se sente numa pós-bebedeira ou, apenas, de uma pós-ingestão de um “bocadinho” de álcool.
O que se sabe é que o início de uma ressaca significa que a concentração de etanol no sangue – o álcool que apreciamos pelas suas qualidades intoxicantes – é zero, ou está a aproximar-se rapidamente disso. Este paradoxo é o mistério central da ressaca.
Seguem-se cinco perguntas sem resposta, que a New Scientist deixou no ar, sobre a (não) ciência da ressaca.
O mal esteve na quantidade que bebi?
Não necessariamente. O quão ressacado se fica depende de cada organismo.
Uma estudo, publicado em 2017 na Springer Link, que analisou a urina de um grupo de estudantes holandeses com ressaca descobriu que a concentração de etanol estava correlacionada apenas com a gravidade de alguns sintomas: sonolência, transpiração, problemas de concentração, náuseas, sede.
Por outro lado, a lucidez, as dores de cabeça e fraqueza e a fraqueza não evidenciaram relação.
Além disso, as mesmas correlações não estavam presentes num grupo auto-descrito como imune a ressacas que bebeu uma quantidade semelhante, e que tinham menos álcool na sua urina.
Apesar de não se ter chegado a uma conclusão concreta, este estudo serviu para mostrar que a capacidade de metabolizar rapidamente o álcool é mais importante do que a quantidade consumida para determinar a gravidade da ressaca.
O mal esteve no que bebi?
Possivelmente. Vários estudos investigaram o papel dos “congéneres” – produtos químicos produzidos durante a fermentação, além do etanol, que dão a cada bebida alcoólica o seu aroma e sabor distintos – que provocam efeitos diversos.
Estou a ficar velho demais para isto?
A maioria das pesquisas sobre ressacas incide em estudantes universitários, um grupo cheio de cobaias que exibem os comportamentos necessários para a análise.
Contudo, ainda não houve um estudo com uma amostra estatisticamente grande o suficiente para dizer se os sintomas e a gravidade da ressaca mudam com a idade.
O que posso fazer para curar a ressaca?
Muito pouco. Se está a sentir os efeitos, beber água aliviará os sintomas relacionados à desidratação.
No entanto, não há evidências de que os níveis esgotados de eletrólitos como sódio, potássio e magnésio estejam correlacionados com a gravidade da ressaca.
Dada a ausência de uma cura cientificamente verificada, faça o que o costuma deixar aliviado nesta situações: seja beber café forte, bebidas com gás, comer “porcarias”…
Então não há cura?
Até ver, ainda não há ciência que consiga bem a patologia das ressacas. A única cura é não beber (tanto).
Possivelmente, a medicina nunca conseguirá dar-nos respostas concretas… e, talvez, nem precisemos… diz a New Scientist, que “a ressaca é a maneira da natureza nos dizer para não voltarmos a beber”. Desse modo, o senhor leitor, provavelmente, fechará este artigo e vai beber um bom copo de vinho.
Para evitar, antes de ir dormir coma um ovo cozido e beba dois copos de água.