A memória musical não diminui com a idade. Daqui a décadas, ainda terá Baby Shark na cabeça

A capacidade de recordar e reconhecer um tema musical parece não ser afetada pela idade, ao contrário de muitas outras lembranças e momentos da nossa vida.

Segundo a Nature, os investigadores sugerem que hipótese de invariância de competências, os efeitos da idade dominam quando são necessários mecanismos cognitivos de carácter geral para realizar a tarefa musical em questão.

Os efeitos da experiência dominam quando é necessário conhecimento específico da música para realizar a tarefa.

Num novo estudo, publicado a semana passada na PLOS ONE, os investigadores testaram a capacidade de um grupo de cerca de 90 adultos saudáveis, com idades entre os 18 e 86 anos, para reconhecer temas musicais familiares e desconhecidos num concerto ao vivo.

Parte dos participantes foram recrutados numa atuação da Orquestra Sinfónica de Newfoundland; outras 31 pessoas assistiram a uma gravação do concerto no laboratório.

O estudo centrou-se em três peças musicais tocadas no concerto de Eine klein Nachtmusik de Mozart, que os investigadores acreditaram que a maioria dos participantes conhecia, e duas peças experimentais.

Uma delas era tonal e fácil de ouvir, a outra era mais atonal e não estava em conformidade com as normas melódicas típicas da música clássica ocidental. Uma frase melódica curta de cada uma das três peças foi tocada três vezes no início da peça, e os participantes registaram sempre que reconheceram esse tema.

“Ouve-se constantemente histórias de pessoas com Alzheimer grave que não falam, não reconhecem as pessoas, mas cantam as canções da sua infância ou tocam piano”, diz a primeira autora do estudo, Sarah Sauvé.

A frase melódica de Eine kleine Nachtmusik foi igualmente bem reconhecida em todas as faixas etárias e em todos os contextos musicais, sem perda do reconhecimento com o aumento da idade.

O estudo também não encontrou qualquer diferença relacionada com a idade nos resultados entre os participantes no concerto e os participantes no laboratório.

“Sabemos, através da investigação sobre a memória em geral, que, efetivamente, a amígdala, ou o processamento emocional, funciona um pouco como um selo de importância”, afirma o neurocientista Steffen Herff.

A equipa recolheu dados limitados sobre a saúde cognitiva de alguns participantes, pelo que não existiram informações pormenorizadas sobre a forma como as deficiências cognitivas ou as doenças degenerativas afetam as recordações.

Assim, de acordo com os resultados do estudo, a memória musical não diminui com a idade — uma boa notícia para todos nós. Exceto, claro, se levarmos em consideração que daqui a muitos muitos anos, ainda teremos provavelmente na cabeça o maravilhoso Baby Shark, que todos conhecemos.

Soraia Ferreira, ZAP //

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