A melodia emitida pela lava pode ajudar os cientistas a compreender o comportamento do vulcão mais ativo do mundo

US Geological Survey

Investigadores posicionaram sensores sísmicos no redor do vulcão.

Os sons da lava podem assustar os cidadãos comuns, mas estes são também música para os ouvidos de qualquer vulcanólogo. Na realidade, os barulhos podem ajudar a revelar o que se passa nas profundezas da estrutura, um método que permitiu aos investigadores acompanhar a temperatura do magma e a migração dos gases vulcânicos à medida que borbulhavam para a superfície do vulcão Kīlauea, no Hawaii.

As feitas descobertas conseguiram até revelar aspetos inesperados da erupção do vulcão de 2018. “É uma nova visão da dinâmica de um vulcão realmente popular”, descreve Leif Karlstrom o cientista terrestre, da Universidade do Oregon. “As pessoas poderiam ficar nas proximidades do lago de lava e visitar os fluxos de lava que saem. Mas debaixo da superfície, havia muito mais a acontecer”. Era esse “muito” que estava a escapar aos cientistas.

Durante 10 anos, entre 2008 e 2018, o vulcão Kīlauea experimentou erupções suaves de lava numa base quase contínua. De repente, duas dúzias de aberturas explodiram, disparando fontes de rocha derretida para o ar. A erupção foi seguida de vários anos de silêncio, até setembro de 2021, quando o escorrimento de lava teve início.

É frequente dizer-se que Kīlauea é o vulcão mais ativo do mundo, sendo que grande parte dessa agitação vem do interior da cratera de Halema’uma’u — situada no topo do vulcão e está cheia de um lago de lava. Pensa-se que o lago de lava é constantemente enchido por uma câmara subterrânea de magma. Mas a forma como o processo decorre é largamente desconhecido.

Ao posicionar sensores sísmicos em torno da cratera, os investigadores esperam penetrar no abismo quente e fervente. A técnica é semelhante à de ouvir o tom que uma garrafa meio cheia faz quando se bate nela. À semelhança do que acontece com uma garrafa, as vibrações que soam através do vulcão dependem do seu conteúdo.

“Assim que algo perturba fisicamente a câmara de magma ou o lago de lava, ele desliza, e podemos medir isso com sismómetros”, explicou o geofísico Josh Crozier, também da Universidade de Oregon, ao Science Alert. “Ao longo desta erupção de uma década, detetámos dezenas de milhares de tais eventos. Estamos a combinar estes dados com um modelo de processos baseados na física que criam estes sinais”.

Os investigadores ainda não estão seguros do significado dos ruídos, mas esperam aprender a ‘melodia’ de Kīlauea para que possam prever melhor quando o vulcão voltará a entrar em erupção explosiva. Sem fazer quaisquer medições directas do próprio lago de lava, a equipa tem sido capaz de rastrear gás borbulhante e temperaturas variáveis ao longo de oito anos ativos.

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