A mais antiga molécula conhecida pelos cientistas ainda continua a surpreender. Um novo estudo revela diversas funções do diferentes tipos de ribossomas.
Até agora, acreditava-se que os ribossomas seguiam um processo padronizado de linha de montagem, produzindo proteínas da mesma forma para todos os ARNm.
No entanto, um novo estudo de investigadores da Universidade de Copenhaga desafia esta noção e revela detalhes sobre as diversas funções dos diferentes tipos de ribossomas, as máquinas moleculares responsáveis pela produção de proteínas nas células.
De acordo com ScienceBlog, a equipa de investigação descobriu que as células cancerígenas têm ribossomas distintos em comparação com outras células, o que serviu de ponto de partida para a sua investigação.
Isto levou-os a questionar se ribossomas específicos desempenham um papel na facilitação do crescimento de células cancerígenas, metástases ou outros processos de desenvolvimento.
O estudo, publicado na revista Developmental Cell, envolveu a análise de cérebros de ratos durante o desenvolvimento fetal e posterior, bem como de células estaminais humanas capazes de se diferenciarem em vários tipos de células.
Os investigadores observaram alterações nos ribossomas durante a diferenciação celular, indicando que as modificações ribossómicas são essenciais para o desenvolvimento regular.
Os ribossomas apresentam um padrão específico com 114 pequenas modificações químicas, e estas modificações alteram-se durante a diferenciação celular. Os investigadores propõem que esta alteração pode formar um código que determina as proteínas que o ribossoma produz.
Para testar esta teoria, removeram uma única modificação das células estaminais e diferenciaram-nas em células nervosas. O resultado foi surpreendente: os ribossomas produziram tipos de células nervosas diferentes das habituais. Esta descoberta realça a função ativa e reguladora dos ribossomas, em vez de serem apenas “tradutores” passivos de ARNm em proteínas.
Esta nova compreensão dos ribossomas oferece informações cruciais para a investigação em células estaminais, particularmente na criação de tipos específicos de células. Os conhecimentos adquiridos podem abrir caminho a tratamentos de medicina regenerativa mais eficazes. Além disso, estas descobertas são promissoras para os avanços no tratamento do cancro.
“Os nossos resultados sugerem que poderemos ser capazes de controlar melhor este processo, porque agora sabemos mais sobre o que regula a produção de proteínas específicas. Podem também lançar luz sobre os processos biológicos que são cruciais para o desenvolvimento de tipos específicos de células. Este conhecimento pode ser potencialmente utilizado na medicina regenerativa”, disse Anders H. Lund, autor principal do estudo.