A demência é um “longo adeus” onde os doentes acabam por perder toda as suas memórias — que até então os faziam ser “eles”. Mas com frequência, os pacientes “regressam” inesperadamente, e partilham memórias que se julgavam perdidas.
Retira aos doentes a capacidade de comunicar, de comer e beber sozinhos, de perceber onde se encontram e até de reconhecer os seus familiares.
A demência é o “longo adeus” dos doentes às suas memórias.
Desde o século XIX, nos diversos estudos efetuados, são enumeradas histórias por parte de familiares,médicos e prestadores de saúde onde revelam que algumas pessoas com a doença se tornam repentinamente lúcidas.
Relatos de quem lida com pacientes nesta condição descrevem que a pessoa, inesperadamente, inicia uma conversa com significado, partilha memórias que se pensava terem sido perdidas, faz piadas e até pede refeições.
Segundo o Science Alert, estima-se que 43% das pessoas que experimentam esta breve lucidez morrem no espaço de 24 horas e 84% no espaço de uma semana.
Em 2009, o biólogo Michael Nahm e o psiquiatra Bruce Greyson, especialistas em experiências de quase-morte, cunharam o termo “lucidez terminal”, dado que estes episódios de lucidez ocorrem frequentemente pouco tempo antes da morte.
Nem todos os episódios de lucidez indicam que a morte está iminente.
Num estudo conduzido por investigadores da Mayo Clinic e publicado em fevereiro na revista Alzheimer’s & Dementia, foram analisados episódios de lucidez em pessoas que vivem com demência e Alzheimer em fase avançada.
Os autores do estudo desenvolveram uma tipologia desses acontecimentos para ajudar a caracterizar-los.
Os resultados desafiam o pressuposto clínico de um declínio cognitivo e comportamental linear para as pessoas com deficiência, sugerindo que este declínio pode, pelo menos temporariamente, mudar.
A lucidez paradoxal e a lucidez terminal são também muito difíceis de estudar. Nem todas as pessoas com demência avançada terão episódios de lucidez antes da morte.
Os episódios de lucidez são imprevisíveis e ocorrem normalmente sem um estímulo específico.Na altura da morte, é difícil para os cientistas entrevistar os cuidadores sobre quaisquer momentos de lucidez que possam ter ocorrido.
Um outro estudo, conduzido por investigadores da Universidade de Nova Iorque e publicado em 2023 na Science Direct, sugere que as alterações na atividade cerebral antes da morte podem causar a lucidez terminal.
Mas estes resultados não explicam totalmente porque é que as pessoas recuperam subitamente capacidades que se supunha estarem perdidas.
As explicações para a lucidez terminal vão para além da ciência. Estes momentos de lucidez mental podem ser uma forma de a pessoa que está a morrer se despedir, de se fechar antes da morte e de voltar a estabelecer contacto com a família e os amigos.
Alguns acreditam que os episódios de lucidez terminal são representativos da ligação da pessoa com a vida após a morte.
É importante saber o que é a lucidez terminal e ter a consciência que a mesma pode ajudar os entes queridos a compreender que faz parte do processo de morte, a reconhecer que a pessoa com demência não vai recuperar e a aproveitar ao máximo o tempo que têm com a pessoa lúcida.
Ahahahaaaaa… a foto do Cavaco está demais!…