Um novo estudo em animais revelou que a oxitocina, a “hormona do amor”, ligada a comportamentos afetivos, pode interromper a gravidez.
A oxitocina, a hormona conhecida pelo seu envolvimento na criação de laços, pode também desempenhar um papel na interrupção de gravidezes precoces.
A revelação foi feito num um estudo realizado com ratos, publicado recentemente na Science Advances.
A nova investigação mostrou que a hormona pode colocar os embriões nas primeiras fases de desenvolvimento numa espécie de estado de hibernação.
Uma vez desencadeado, este processo, designado por diapausa, pode permitir que uma mãe ratinha adie uma gravidez numa altura em que os recursos são escassos – por exemplo, quando ainda está a amamentar uma ninhada anterior de ratinhos recém-nascidos.
A diapausa ocorre naturalmente em marsupiais, como cangurus e gambás, e mais de uma centena de espécies de mamíferos, incluindo ratos e morcegos. Embora difícil de detetar na maioria das gravidezes humanas, é um fenómeno que também pode ocorrer nas mulheres.
A Live Science recorda um caso relatado em 1996, numa clínica de fertilização in vitro (FIV) em que foram necessárias cinco semanas após a transferência do embrião para o útero para que a gravidez começasse.
No novo estudo, descobriu-se que as gravidezes resultantes duravam cerca de uma semana mais em ratos fêmeas ainda a amamentar do que em ratos que não estavam a amamentar. Os investigadores teorizam que isto reflete uma “pausa” pré-implantação.
A equipa começou a explorar a forma como é que esta pausa poderia ocorrer.
Num outro grupo de ratinhos recém-gestantes, a equipa estimulou a libertação de oxitocina. Após cinco dias de tratamento, removeram os úteros dos ratinhos para avaliar o desenvolvimento embrionário. Cinco das seis mães ratinhas tinham embriões que entraram em diapausa.
Entretanto, num grupo de comparação, as ratinhas grávidas que não tiveram a oxitocina estimulada não apresentaram quaisquer sinais de diapausa.
A grande conclusão é qie a oxitocina fez com que as células embrionárias abrandassem a tradução dos genes em proteínas.
À Live Science, os investigadores referem que uma melhor compreensão futura destes mecanismos poderá revelar a razão pela qual ocorrem abortos espontâneos nas pessoas e poderá conduzir a novos tratamentos de fertilidade.
Para já, será necessários mais trabalhos para compreender os passos bioquímicos que levam da estimulação da oxitocina à diapausa.