O ADN antigo recuperado de esqueletos humanos começou a revelar a história da propagação da malária em todo o mundo, incluindo a forma como a doença chegou pela primeira vez às Américas.
A história da malária começou a ser desvendada graças ao ADN de dezenas de esqueletos com milhares de anos, oriundos dos cinco cantos do Mundo.
A malária, uma infeção parasitária, é difícil de identificar em restos humanos, uma vez que não deixa marcas físicas nos ossos.
Contudo, novas técnicas permitiram na recolha de ADN antigo aos investigadores investigar a epidemiologia de dois parasitas causadores da malária: Plasmodium falciparum e Plasmodium vivax.
Numa nova investigação, cujos resultados foram publicados esta quarta-feira na Nature, foi examinado o ADN de 36 esqueletos com idades até 5.500 anos, oriundos dos cinco continentes.
Os resultados mostram como a malária se espalhou pelo mundo.
O ADN antigo permite recuar no tempo e compreender como os genomas dos parasitas evoluíram. Esta informação ajuda também a explicar rota evolutiva da malária e, possivelmente, novas formas de combate à doença, que mata mais de 600.000 pessoas por ano.
Uma das respostas à qual os investigadores quiserem responder foi: como chegou a malária às Américas? Para isso, a equipa analisou uma pessoa que viveu nos Andes peruanos há 500 anos.
Como explica a LiveScience, as semelhanças entre a estirpe de Plasmodium vivax e as europeias sugerem que foram os colonizadores trouxeram a malária para o Novo Mundo.
“As estirpes que foram transmitidas no início do processo de colonização sobreviveram e encontrámos provas genómicas que as ligam aos parasitas que circulam atualmente na região”, refere à LiveScience, a líder da investigação, Megan Michel.
Outra descoberta intrigante foi a presença de malária em climas frios, como no esqueleto de 2.800 anos de Chokhopani, nos Himalaias, um local demasiado alto, frio e seco para que os mosquitos que transportam a malária sobrevivam.
Os investigadores teorizam que este indivíduo, provavelmente, terá contraído a doença numa região mais baixa, reforçando a ideia de que os viajantes modernos espalham agentes patogénicos globalmente.
Ainda hoje, a globalização e o movimento de pessoas continuam a influenciar a distribuição da malária.
“A globalização e o movimento de pessoas são que influenciam a distribuição da malária hoje em dia. Estamos a deslocar-nos a um ritmo sem precedentes – e vemos isso nos relatórios de casos de malária importados por viajantes. É um grande, grande problema“, alerta Megan Michel.