Um novo estudo revelou que a nossa capacidade cerebral é, involuntariamente, reforçada pelo ritmo dos nossos dedos. Toques com ritmos específicos ajudam-nos a comunicar melhor.
Cientistas franceses descobriram que dispomos de um estranho superpoder, desencadeado pelo toque de dedos, que nos ajuda a ouvir e a compreender alguém que esteja a falar connosco num ambiente ruidoso.
A grande conclusão do estudo publicado esta quarta-feira, no Proceedings of the Royal Society B, é que toques de dedos involuntários com ritmos específicos podem ajudar-nos a comunicar.
Investigações anteriores sobre o “efeito de preparação rítmica” já tinham analisado vários modos de emissão e o seu impacto na fala – como a música na compreensão da linguagem e na terapia para crianças com perturbações do desenvolvimento da linguagem (DLD).
Em três experiências comportamentais inter-relacionadas, investigadores da Universidade de Aix-Marseille demonstraram que a preparação motora melhora a eficiência do processamento naturalista subsequente da fala em ambientes ruidosos.
Com detalha a New Atlas, na primeira experiência, 35 participantes tocaram com um dedo em diferentes ritmos – lento, médio, rápido – antes de terem de ouvir uma longa frase falada enterrada num ruído de fundo intrusivo.
A ideia é que, uma vez que a fala tem diferentes ritmos naturais entre as suas sílabas e palavras, preparar o cérebro para se sintonizar com este padrão pode ajudar o cérebro a processar melhor a linguagem rítmica.
Na segunda experiência, os investigadores descobriram que, surpreendentemente, o facto de se tocar – isoladamente ou ao som de uma batida – proporcionava uma melhor compreensão da fala, ao passo que a simples audição de uma batida sem uma resposta física não tinha o mesmo impacto.
Isto sugeriu que a preparação rítmica “ativa” era fundamental.
Por fim, uma terceira experiência com 28 participantes analisou se dizer uma única palavra antes da exposição à frase ruidosa melhoraria o processamento sensorial. Independentemente de a palavra estar ou não relacionada com o conteúdo da frase, o ato de a dizer em voz alta melhorou as capacidades de audição do cérebro. Mais uma vez, o movimento físico foi o aspeto mais importante da iniciação rítmica.
De um modo geral, houve provas de um melhor reconhecimento da fala nos participantes que realizaram tarefas físicas antes da atividade de audição.
“Estes resultados são provas do papel funcional do sistema motor no processamento da dinâmica temporal do discurso naturalista”, escreveram os investigadores, citados pela New Atlas.
Estes resultados poderão servir de base a estratégias de aprendizagem e reabilitação de línguas.