Um novo estudo sugere que células estaminais da retina humana, nunca antes vistas, podem restaurar a visão. Uma nova técnica com estas células resultou em ratos com uma doença ocular comum.
Um grupo de investigadores descobriu células na retina – uma estrutura sensível à luz na parte de trás do olho que é vital para a visão – que podem potencialmente ajudar a inverter a perda de visão.
Como detalha a Live Science, as células, que nunca haviam sido vistas na retina humana, foram encontradas em amostras doadas de tecido fetal.
Além disso, as mesmas células foram também identificadas em modelos da retina humana cultivados em laboratório.
À margem do novo estudo, publicado esta quarta-feira na Science Translational Medicine, quando se tentou transplantar esses modelos para ratinhos com uma doença ocular comum, a sua visão foi restaurada.
Principais causas de cegueira
A deterioração da retina – que deteta a luz, convertendo-a em sinais que o cérebro pode depois interpretar para determinar o que estamos a ver – é uma das principais causas de cegueira em todo o mundo.
Pode ser desencadeada por muitos fatores, incluindo o envelhecimento, a diabetes e lesões físicas, e a degeneração pode levar a doenças oculares comuns, como a degenerescência macular e a retinite pigmentosa.
Como lembra a Live Science, os tratamentos atuais para estas doenças centram-se na redução da taxa de deterioração das células da retina e na proteção das que ainda estão saudáveis. No entanto, não existem, atualmente, terapias eficazes que para a reparação da retina, o que faria inverter a deterioração.
Uma solução potencial é substituir as células deterioradas por células estaminais – células que podem amadurecer e transformar-se em qualquer tipo de célula do corpo, nas condições certas. No entanto, até agora, os cientistas nunca haviam encontrado células estaminais adequadas na retina humana para o conseguir.
Cura “à vista”
No novo estudo, a equipa analisou em laboratório a atividade das células das amostras de retina fetal.
Os cientistas descobriram dois tipos de células estaminais da retina com propriedades regenerativas promissoras: as células estaminais neurais da retina humana (hNRSCs) e as células estaminais do epitélio pigmentar da retina (RPE).
Descobriu-se, depois, que ambos os tipos de células, “localizadas no bordo exterior da retina”, se podiam clonar. Contudo, apenas as hNRSCs se podiam transformar noutros tipos de células da retina nas condições corretas.
Numa experiência separada, detalhada pela Live Science, os investigadores cultivaram réplicas em miniatura da retina humana. Estes modelos de tecido 3D, conhecidos como organóides, imitam melhor as complexidades únicas dos órgãos humanos do que os modelos animais tradicionais.
Uma análise das células no interior destes organóides revelou que continham hNRSCs semelhantes às encontradas nas amostras de tecido fetal.
A equipa também identificou cadeias moleculares específicas de eventos que transformaram as células estaminais noutras células da retina e regularam o processo de reparação.
Quando transplantadas para a retina de ratinhos com uma doença semelhante à retinite pigmentosa, as células estaminais dos organóides transformaram-se nas células da retina necessárias para detetar e processar os sinais luminosos.
As novas células melhoraram a visão dos ratinhos, em comparação com os roedores que não receberam quaisquer células transplantadas.
Estes primeiros resultados sugerem que as hNRSCs podem ser utilizadas para desenvolver tratamentos para doenças oculares da retina em humanos.
Serão necessárias, agora, mais investigações para confirmar o potencial destas células para “vermos” uma cura para a cegueira humana.