Trazidos ilegalmente pelo narcotraficante para o país, a espécie passou a reproduzir-se nos rios colombianos. Para controlar a “praga”, as autoridades pretendem enviar 72 animais para a Índia, México e Equador.
A Colômbia está a avaliar a possibilidade de enviar para a Índia, México e Equador 72 hipopótamos que nasceram na região central do país, depois de o narcotraficante Pablo Escobar ter importado ilegalmente da África os quatro primeiros em 1984.
O envio dos animais faz parte de um plano de controle de espécies invasoras.
Os biólogos afirmam que os hipopótamos ameaçam o ecossistema local por não terem predadores naturais na Colômbia. As fezes dos animais alteram ainda a composição dos rios próximos, o que afeta peixes-boi, capivaras e outras espécies.
O diretor do gabinete de Gestão da Biodiversidade da autoridade regional das Bacias dos Rios Negro e Nare, David Echeverry, explicou esta quinta-feira que estão a ser feitos os respetivos contactos para “a possível saída de hipopótamos” da Colômbia.
“Na Índia, disseram que podem receber até 60 hipopótamos, no México há capacidade para receber até dez e o Equador tem a possibilidade de receber dois hipopótamos”, explicou.
Zoológico ilegal de Pablo Escobar
No auge do seu império criminoso, Escobar construiu um zoológico na sua Fazenda Nápoles, de 3 mil hectares, localizada em Puerto Triunfo, na região de Antioquia.
O famoso narcotraficante importou para o local animais exóticos de todo o mundo, que causaram impacto pela extravagância da propriedade, onde instalou no portão de entrada um pequeno avião que simbolizava o meio de transporte dos seus carregamentos de cocaína para os Estados Unidos.
Após a sua morte, em 1993, e com o fim do seu cartel de drogas, a Fazenda Nápoles foi abandonada e os animais do zoo de Escobar ficaram fora de controle.
Os hipopótamos escaparam e encontraram um novo lar nas planícies de Magdalena Medio, onde rapidamente se adaptaram, devido às condições favoráveis do terreno, irrigado pelas águas do rio Magdalena, o principal da Colômbia.
Porém, com o passar do tempo, os hipopótamos tornaram-se um perigo para a fauna, flora e camponeses da região. Em 2020, um agricultor ficou seriamente ferido depois de ter sido atacado por um hipopótamo.
As autoridades locais pretendem capturar os animais atraindo-os com comida para dentro de grandes contentores de ferro. Depois, serão transportados até ao aeroporto de Rionegro, de onde serão enviados para santuários.
O governador de Antioquia, Aníbal Gaviria, realçou o interesse em realojar um grupo de 70 hipopótamos para santuários naturais em outros países, acrescentando que aguarda a aprovação do governo colombiano para “acelerar a autorização e atingir este fim, que é ambiental, de defesa e proteção dos animais”.
Os investigadores que estudam esta população de hipopótamos já alertaram no ano passado que as projeções indicam que o número de animais na região deve continuar a aumentar se nada for feito para controlar a espécie.
ZAP // Deutsche Welle / Lusa