A Marinha do Exército Popular de Libertação da China está a desenvolver novos sistemas para caçar os submarinos nucleares dos EUA que poderiam ameaçar uma invasão chinesa de Taiwan, de acordo com um novo relatório.
A marinha chinesa considera a Guerra Anti-Submarina, ou ASW, essencial para o êxito de qualquer operação anfíbia e tenciona usar os seus aviões para proteger a sua frota de um ataque de submarinos dos EUA ou do Japão.
Segundo um relatório do Instituto de Estudos Marítimos da China da Escola de Guerra Naval dos EUA, a Marinha da China considera que as capacidades ASW de asa fixa e de elevação vertical são uma componente crucial para qualquer contingência anfíbia, quer se trate da tomada de uma ilha ou recife, ou da implementação bem sucedida de uma “Campanha Conjunta de Desembarque em Ilhas contra Taiwan”.
“As capacidades ASW seriam cruciais para salvaguardar meios de superfície de elevado valor, como os porta-aviões ou um grupo de desembarque anfíbio, protegendo-os quando estão no porto a embarcar forças, limpando a área operacional dos submarinos inimigos e escoltando estes meios a caminho das áreas de preparação e das áreas operacionais”, consideram os autores do estudo, os analistas Eli Tirk e Daniel Salisbury.
Os caçadores de submarinos aéreos chineses estão também encarregados de proteger os submarinos de mísseis balísticos chineses enquanto estes navegam para os seus locais de patrulha e de lançamento.
“A Marinha chinesa encara claramente a ASW de asa fixa como um importante fator de dissuasão nuclear no mar“, salienta o relatório.
O atual avião antissubmarino de asa fixa da marinha chinesa é o Shaanxi KQ-200, uma aeronave turbo-hélice de quatro motores, com um alcance de cerca de 4.800 km, que é o equivalente chinês do P-8 Poseidon da marinha norte-americana. Segundo o Business Insider, a Marinha da China tem cerca de 20 KQ-200s.
Tal como a Marinha dos EUA, a força submarina da China tende a ser secreta. Mas ao examinar informação de fonte aberta, Tirk e Salisbury conseguiram identificar esforços da China na guerra anti-submarina, incluindo patentes registadas por investigadores chineses.
Por exemplo, a empresa estatal China Electronics Technology Group Corporation registou em 2020 uma patente para deteção de anomalias magnéticas, tecnologia usada pela primeira vez na Segunda Guerra Mundial para detetar submarinos através do efeito destes grandes objetos metálicos no campo magnético da Terra.
Este é um sistema útil, mas limitado, que normalmente exige que o avião esteja a voar a menos de 2km do alvo, e que só consegue detetar a presença de um submarino e não a sua rota — o que significa que tem de ser complementado com uma rede de outros sensores para poder atingir o submarino escondido.
Mas de acordo com a patente agora submetida, os cientistas chineses pretendem usar magnetómetros atómicos altamente sensíveis, que usam lasers para detetar alterações nos níveis de energia entre átomos causadas por flutuações num campo magnético.
“A patente da CETC aponta para uma tecnologia que permitiria a um magnetómetro atómico detetar a direção de um alvo e não apenas a sua existência“, referem Tirk e Salisbury no seu relatório.
Uma outra patente, submetida em 2022 pela Aviation Industry Corporation of China, prevê um novo sistema para operar sonobóias, que são recipientes flutuantes, lançados por aviões e navios, que detetam submarinos através da emissão de sinais de sonar ativos ou de sensores passivos que detetam o ruído de um submarino.
Em 2022, a China ultrapassou os Estados Unidos no número de patentes de aplicações militares registadas.
A China também tem também vindo a melhorar a qualidade da formação das suas unidades de guerra anti-submarina.
“A Marinha da China reconheceu as suas limitações e começou a tomar medidas para melhorar a qualidade do seu treino de guerra anti-submarino, tanto em simuladores como em ambientes de treino físico”, refere o relatório.
“As unidades estão a treinar em condições mais realistas e a derrubar as barreiras administrativas que as impediam de criar mais oportunidades de treino em diferentes ambientes operacionais”, acrescenta o estudo.
Segundo Tirk e Salisbury, em 2015 os materiais de formação passaram a sublinhar a necessidade de as aeronaves e os navios de guerra anti-submarina trabalharem em estreita colaboração, o que é prática corrente nas marinhas dos EUA e do Ocidente.
Atualmente, a Marinha do Exército Popular de Libertação da China tem ainda uma frota pequena de vigilância oceânica e uma incipiente capacidade de vigilância submarina.
Até agora, as dezenas de submarinos nucleares norte-americanos e os seus 12 porta-aviões a asseguram a supremacia naval incontestada das poderosas frotas da Marinha dos Estados Unidos.
O cenário está a mudar.
Pois… já viram que não conseguem, por muito que tentem, encontrar os sub portugueses!!!