Afinal os polvos não são tão solitários como se pensava

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David Scheel / Current Biology

A cor vermelha escura e a postura looming deste Octopus tetricus provavelmente são ameaçadores para os polvos à sua volta, acreditam os cientistas que analisaram 186 interações entre polvos num vídeo subaquático de 52 horas

Os polvos podem ter mais interações sociais do que se acreditava anteriormente, de acordo com um novo estudo conduzido na Austrália.

Biólogos estudaram um grupo de polvos da espécie Octopus tetricus na costa oriental da Austrália e observaram uma variedade de comportamentos que podem indicar uma complexa capacidade de comunicação.

A equipa gravou 52 horas de vídeo subaquático, registando 186 interações entre os polvos.

David Scheel, da Universidade do Alaska Pacific, descreve que “a cor escura e alguns dos seus comportamentos que a acompanham estão associados à agressividade, ou pelo menos à sua aproximação”, por exemplo, ficando “de pé” e com os tentáculos espalhados.

Peter Godfrey-Smith

Os investigadores observaram 50 polvos a envolverem-se em lutas, acasalamento e a mudar de cor para refletir o seu humor

Os investigadores observaram 50 polvos a envolverem-se em lutas, acasalamento e a mudar de cor para refletir o seu humor

“As cores mais claras significam que o polvo não vai resistir ao ataque – e assim sinaliza que vai desistir ou retirar-se”, explica.

As conclusões da pesquisa foram publicadas na Current Biology.

Até agora, acreditava-se que os polvos eram criaturas predominantemente solitárias, e as suas mudanças de cor eram atribuídas a uma tentativa de evitar predadores.

No entanto, segundo Peter Godfrey-Smith, professor da City University de Nova York (EUA), o estudo de sua autoria oferece uma nova perspectiva para esse comportamento.

“Um polvo agressivo fica com a cor bastante escura, levantar-se de modo a acentuar seu tamanho e com frequência tentará procurar uma posição mais alta”, afirmou à BBC.

“Os polvos provavelmente não são completamente associais como se presumia. O sistema de comunicação reflete o facto de que estão a interagir regularmente, explica Crissy Huffard, do Instituto de Investigação Monterey Bay Aquarium, na Califórnia.

ZAP / BBC

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