A autorização foi dada a uma investigação em particular que pretende manipular embriões humanos para perceber o porquê das ocorrências de aborto.
O Governo britânico deu pela primeira vez luz verde aos cientistas para fazerem manipulações genéticas em embriões humanos, revela esta segunda-feira a BBC.
Em causa está uma investigação, que vai ser realizada no Instituto Francis Crick, em Londres, para melhor perceber porque ocorrem situações de aborto.
As experiências vão ocorrer nos primeiros sete dias depois da fertilização e a investigação será liderada pela cientista Kathy Niakan, que passou a última década a investigar o desenvolvimento humano.
“Queremos muito perceber quais são os genes necessários para que um embrião humano se desenvolva com sucesso até ser um bebé saudável”, afirmou a investigadora recentemente.
“A razão pela qual isto é tão importante é porque os abortos e a infertilidade são extremamente comuns, mas nunca chegam a ser muito bem compreendidos“, acrescentou.
De acordo com a emissora britânica, em cada cem óvulos fertilizados, apenas 13 conseguem desenvolver-se para lá dos três meses.
A autorização foi dada pela Autoridade de Embriologia e Fertilização Humana (HFEA) e as experiências poderão começar nos próximos meses, embora depois os embriões não possam ser implantados em mulheres.
“Estou contente por a HFEA ter aprovado o pedido da doutora Niakan”, afirmou Paul Nurse, o diretor do instituto onde a investigação vai decorrer.
“A sua investigação é importante para perceber como se desenvolve um embrião humano saudável e vai também melhorar o nosso conhecimento sobre as taxas de sucesso da IVF [fertilização in vitro], ao olhar para o início do desenvolvimento humano”, justifica.
A aprovação do Governo está a gerar algum desentendimento no seio da comunidade científica, com vários especialistas a dizer que é um assunto muito sensível a nível ético.
“O uso de tecnologias que manipulam o genoma em investigações de embriões toca em alguns pontos bastante sensíveis, por isso, é bom que esta investigação em particular e as suas implicações éticas tenham sido cuidadosamente analisadas pela HFEA antes de aprovar o seu procedimento”, afirmou Sarah Chan, investigadora na Universidade de Edimburgo.
“Temos de nos sentir confiantes de que o nosso sistema de regulação nesta área está a funcionar bem para manter a ciência alinhada com os interesses da sociedade”, defende.
No ano passado, a China foi o primeiro país a nível mundial a anunciar que tinha manipulado embrião humano para corrigir um gene que causava um distúrbio no sangue.
ZAP / BBC
Não têm mais com que se entreter?
Gostava que na noticia explicassem até que “idade” do embrião os testes vão ser feitos. Mas se calhar essa informação não veio cá para fora. Para quem sofreu o drama de abortos repetitivos pode ser uma boa noticia sim…mas a parte ética também mexe com os sentimentos.