Investigadores do Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab), nos EUA, testaram uma das pedras angulares da Teoria das Cordas e da gravidade quântica e afirmam, baseados na sua experiência controversa, que o universo não é, afinal, um holograma.
O princípio holográfico até agora aceite pela comunidade científica afirma que toda a matéria e energia do universo podem ser descritas projectando a sua informação numa “tela”.
Se isso fosse verdade, o mundo precisaria de uma dimensão a menos para ser explicado – por exemplo, um universo de três dimensões poderia ser descrito em termos das suas propriedades em duas dimensões.
O Fermilab testou se seria possível conhecer com exatidão a posição 3D numa escala muito pequena – 10-35 metros, biliões de vezes menor do que um quark.
Se o universo fosse um holograma – exigindo, portanto, menos uma dimensão que as que vemos -, poderíamos não ser capazes de medir todas as direções (frente-trás, de cima para baixo, esquerda-direita) com a mesma precisão.
A equipa chamou esta incerteza de “ruído holográfico“.
Sem abanão
Para testar a teoria, os cientistas usaram um interferómetro, um sistema de lasers e espelhos que pode detetar diferenças subtis na luz durante a sua viagem entre a emissão até o detetor.
Craig Hogan, o físico teórico por trás da experiência, acredita que se o universo fosse um holograma os lasers enviados em direções diferentes não encontrariam a posição com precisão.
O ruído holográfico faria o laser “abanar” e os instrumentos são capazes de detectar essas alterações mínimas – mas nenhum abanão foi detetado.
A experiência é controversa porque vários físicos não acreditam que o princípio holográfico exigiria a existência deste ruído.
Yanbei Chen, teórico do Instituto de Tecnologia da Califórnia, afirma não compreender plenamente a teoria por trás do ruído holográfico, mas elogia Craig Hogan e a equipa do Fermilab por procurar por uma confirmação experimental das previsões da Teoria das Cordas.
“Pelo menos estão a fazer algum esforço para fazer um teste experimental”, aponta Chen. “Deveríamos fazer mais disto, e se os teóricos das cordas se queixam de que isto não é um bom teste ao que eles estão a fazer, poderiam bem começar a fazer os seus próprios testes”.
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