/

O maior ser vivo do planeta tem quase 4 km e é quase invisível

Armand Robichaud / Flickr

Armillaria solidipes, também conhecido como o "cogumelo do mel"

Armillaria solidipes, também conhecido como o “cogumelo do mel”

O chef italiano Antonio Carluccio diz que é delicioso com espaguete e pimenta vermelha. Mas, para os jardineiros, ele é uma ameaça a cercas vivas, rosas e outras flores.

O fungo parasita em causa, Armillaria solidipes, é aparentemente saboroso, mas não ficou famoso apenas por dividir opiniões. É também considerado por muitos o maior organismo vivo da Terra.

Trata-se, mais concretamente, de um tipo específico do fungo Armillaria, da família Physalacriaceae, que cresce nas Blue Mountains, no Estado norte-americano do Oregon, e mede 3,8 km de comprimento – dimensões que lhe permitem ser considerado o maior ser vivo da Terra.

Há diversas espécies de fungos do género Armillaria, também conhecido como o “cogumelo do mel“. Colonizam e matam diversas árvores e plantas lenhosas, que produzem madeira.

Mas os grandes grupos de cogumelos castanho-amarelados que vemos à superficie na realidade são apenas uma parte de organismos muito maiores.

Estes organismos são compostos de rizomorfos, estruturas com aspecto semelhante ao de raízes das plantas, capazes de transportar nutrientes a grandes distâncias.

Estes organismos fúngicos espalham-se sob a superfície em busca de novos anfitriões e de redes subterrâneas de filamentos tubulares, conhecidas como micélios.

Mas só recentemente os cientistas descobriram o tamanho que estas estruturas atingem.

Assassinos de árvores

Em 1998, uma equipa do Serviço Florestal dos Estados Unidos decidiu investigar a causa da mortandade de árvores de grande porte na floresta nacional Malheur, no Oregon.

Os investigadores identificaram áreas afectadas em fotografias aéreas e recolheram amostras de raízes de 112 árvores mortas ou que estavam a morrer, a maior parte dos quais pinheiros.

Testes mostraram que todos, excepto quatro, tinham sido infectados pelo fungo Armillaria solidipes, antes conhecido como Armillaria ostoyae.

Quando os micélios de A. solidipes geneticamente idênticos se encontram, podem fundir-se e formar um novo indivíduo.

Os investigadores aproveitaram essa capacidade e cultivaram amostras de fungos, aos pares, em placas de Petri.

Ao observar quais as amostras que se fundiam e quais as que rejeitavam os outros, os cientistas descobriram que 61 das árvores moribundas árvores tinham sido atacadas pela mesma colónia clone – indivíduos com formação genética idêntica, originados a partir do mesmo organismo.

As mais espaçadas destas árvores encontravam-se a 3,8 km de distância uma da outra.

O grupo calculou que o A. solidipes assassino cobria uma área de 9,6 km² e tinha entre 1.900 e 8.650 anos de idade.

Na altura, o maior organismo vivo conhecido era um fungo da mesma espécie, descoberto em 1992 no sudoeste de Washington, que se estendia por 6,5 km².

Há um velho debate entre os biólogos sobre o que constitui ou não um organismo individual.

Mas a colónia-clone recordista de A. Solidipes passa perfeitamente no teste, com base na definição do que é um indivíduo único.

Efectivamente, é um ser constituído por células geneticamente idênticas, que conseguem comunicar entre si, e que têm um objectivo comum – ou conseguem, pelo menos, coordenar-se.

ZAP / BBC

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.