Alemanha lucrou mais de 100 mil milhões de euros com a crise grega

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Alexandros Vlachos / EPA

Euclid Tsakalotos, ministro das Finanças da Grécia, com Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego

Euclid Tsakalotos, ministro das Finanças da Grécia, com Alexis Tsipras, primeiro-ministro grego

A Alemanha “beneficiou claramente com a crise grega”, em mais de 100 mil milhões de euros, segundo um estudo divulgado esta segunda-feira pelo Instituto de Investigação Económica Leibniz, citado pela agência France Presse (AFP).

A instituição sem fins lucrativos considerou que este valor representa a poupança garantida pela Alemanha através de baixas taxas de juro sobre as suas obrigações, resultantes da atração da sua economia sobre investidores assustados com a instabilidade grega.

Quando os investidores enfrentam dificuldades, procuram tipicamente um mercado seguro para o seu dinheiro, e a sólida economia alemã “beneficiou desproporcionalmente” desse facto durante a crise da dívida na Grécia, lê-se no estudo, acrescentando que as poupanças “excedem os custos da crise, mesmo se a Grécia não pagasse todas as suas dívidas”.

“Nos anos recentes, cada vez que os mercados financeiros souberam de notícias negativas sobre a Grécia, as taxas de juro sobre as obrigações do governo alemão caíram, e cada vez que as notícias foram boas, estas subiram”, defende o documento.

A Alemanha exigiu à Grécia disciplina fiscal e duras reformas económicas em troca da ajuda de credores internacionais.

O ministro das finanças alemão, Wolfgang Schäuble, opôs-se a uma reestruturação da dívida grega, apontando para o orçamento equilibrado do seu governo.

O instituto, porém, defende que o equilíbrio orçamental alemão só foi possível graças às poupanças em taxas de juro por causa da crise de dívida grega.

Os estimados 100 mil milhões de euros que a Alemanha poupou desde 2010 constituíram cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Outros países como os Estados Unidos, a França e a Holanda também beneficiaram, mas “a um nível muito mais reduzido”.

O dinheiro investido pela Alemanha em pacotes de resgate internacionais chegou a cerca de 90 mil milhões de euros.

Mas segundo o instituto alemão, “mesmo que a Grécia não devolva nem um cêntimo, a bolsa pública alemã beneficiou financeiramente da crise”.

Berlim quer um acordo “exaustivo” em vez de rápido para a Grécia

Entretanto, no que toca às negociações, a Alemanha considera mais importante que o acordo que está a ser negociado entre a Grécia e os credores para um terceiro programa de assistência financeira seja “exaustivo” em vez de ser concluído rapidamente.

“Uma conclusão rápida das negociações seria desejável, mas não devemos esquecer que se trata de um programa de três anos, um programa com uma importante lista de reformas e outras medidas, um programa que deve ser uma base sólida e de longo prazo para se continuar a trabalhar em conjunto”, declarou esta segunda-feira o porta-voz da chanceler Angela Merkel, Steffen Seibert, em declarações aos jornalistas.

“Em consequência, ser exaustivo é mais importante do que a rapidez“, acrescentou, num altura em que a Grécia e os credores parecem estar próximo de um acordo.

Jürg Weissgerber, porta-voz do ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, também repetiu que “a qualidade vem antes da rapidez”.

No entanto, “estamos preparados para uma análise rápida do acordo se isso for necessário”, indicou, acrescentando que até agora ainda não foi apresentado qualquer documento.

A Alemanha quer que o acorda inclua “um programa orçamental e de financiamento ambicioso, uma estratégia de privatizações credível e uma reforma das pensões durável”.

Depois de terem aprovado em julho o compromisso alcançado na cimeira da zona euro para negociações sobre um terceiro programa de assistência à Grécia, os deputados alemães serão chamados a votar de novo o acordo que sair das conversações entre a Grécia e a Comissão Europeia, Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e o Mecanismo Europeu de Estabilidade.

/Lusa

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