O Alentejo anda nas “bocas do mundo” pelo potencial turístico e os seus vinhos atraem cada vez mais visitantes à região, inclusive estrangeiros, como brasileiros e norte-americanos, o que dá “boas expetativas” para este ano aos produtores.
“Notamos um crescente interesse, principalmente nestes últimos anos”. Quanto a este ano, está a ser “muito parecido” com 2014 e há “claramente boas expetativas”, diz à Lusa António Roquette, do Enoturismo da Herdade do Esporão, no concelho de Reguengos de Monsaraz.
Na “fronteira” do concelho de Évora com o de Reguengos de Monsaraz, localidade que ostenta o “selo” de Cidade Europeia do Vinho 2015, o aumento de turistas é assumido pelo diretor-executivo da Ervideira, Duarte Leal da Costa.
Nos primeiros cinco meses de 2015, a empresa recebeu 10 mil visitantes, o que traduz “um crescimento verdadeiramente exponencial”, em comparação com período homólogo de 2014, quando acolheu “pouco mais de quatro mil”, diz, frisando que é “um turista mais interessado, à procura de conhecer e de comprar”.
Esta “fase boa, de crescimento”, é sublinhada pelo presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz, José Calixto. Os produtores estão a apostar no enoturismo e isso “ajuda a vender” a “imensidão de vinho de qualidade” do concelho.
“Não está tudo feito”, reconhece. Há produtores que ainda têm de fazer este caminho, mas “a aposta no enoturismo por parte de alguns está claramente a ser uma aposta ganha”.
O Esporão e a Ervideira são dois desses exemplos e referem que a recente atenção internacional dada por jornais e revistas ao Alentejo e os prémios a vinhos da região pelo mundo fora têm contribuído para o crescimento.
“O USA Today, numa votação ‘online’, classificou o Alentejo como a região enoturística mais interessante do mundo para visitar” e “a National Geographic classificou-o nos dez sítios mais interessantes para visitar este ano”, exemplifica António Roquette.
A “vida tranquila” e com “qualidade francamente boa” da região é outro fator “bestialmente apelativo para o turista”, evoca Duarte Leal da Costa, que explica que “as pessoas não sabiam” que o Alentejo tinha “um portefólio de vinhos tão bons e baratos em relação ao resto do mundo” e, perante a descoberta, “o público entusiasma-se”.
Apesar de os portugueses serem a maior fatia turística do território alentejano, no caso do enoturismo, nas duas empresas visitadas pela Lusa, os estrangeiros ocupam o topo da lista.
A Ervideira, que espera este ano passar a fasquia dos 25 mil visitantes na adega e nas suas lojas em Évora e na vila de Monsaraz, é procurada por “muitos europeus” e começam a aparecer japoneses ou australianos, algo “impensável há dois ou três anos”.
No Enoturismo do Esporão, que acolheu quase 30 mil visitantes em 2014, brasileiros, norte-americanos e turistas do norte da Europa representam “à volta de 65%” das visitas globais.
Na Rota dos Vinhos do Alentejo, em Évora, da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), são os brasileiros que lideram os estrangeiros atraídos pelos “néctares” da região.
Até final de 2014, “França, Alemanha e Estados Unidos eram os países que vinham a seguir”. Um “ranking” que mudou este ano, graças ao “um pulo enorme” dos Estados Unidos, que ocupa “já o 3.º lugar” da lista, conta à Lusa Maria Amélia Vaz da Silva, da CVRA.
Oriundo de Boston, o médico Kanti Kanzaria visita Portugal integrado num grupo de mais turistas norte-americanos. Como “veterano” nas andanças pelo mundo em busca de vinhos, o Alentejo e o Esporão não “escaparam” ao seu “radar”.
“Esta é a primeira adega da região em que fazemos uma prova e o vinho é excelente, tanto o tinto como o branco”, atesta à Lusa, explicando ter viajado para Portugal aconselhado por enfermeiras portuguesas com quem trabalha e que elogiaram o vinho.
As informações não desiludiram, pois, na “bagagem”, vai levar garrafas “made in” Alentejo. “As caixas estão já prontas para seguir”, diz Kanzaria.
/Lusa