Parece ficção científica, mas é real: uma equipa de cientistas norte-americanos conseguiu cultivar em laboratório, de forma totalmente orgânica, o primeiro bio-membro do mundo.
Este membro orgânico, um ante-braço de um rato, foi criado a partir de uma técnica chamada Descelularização /Recelularização e que já é usada para criar rins, pulmões e corações.
A evolução conseguida com esta experiência no Hospital Geral de Massachusetts, em Boston, leva os cientistas a concluírem que podem cultivar órgãos maiores, o que constitui um extraordinário avanço para o futuro da medicina.
A técnica que permitiu a criação deste bio-membro aborda a biologia do ponto de vista da engenharia e consiste em retirar do membro do doador (neste caso, o rato) todas as células vivas, até permanecer apenas a sua estrutura mais básica, o andaime, por assim dizer.
Nesse molde do membro original, são então implantadas novas células que se vão desenvolver, criando um novo órgão.
O ante-braço orgânico criado pelos cientistas norte-americanos levou apenas três semanas a desenvolver a sua estrutura completa, com músculos e vasos sanguíneos. Depois foi apenas preciso aplicar alguns enxertos de pele em locais específicos para compor o membro.
“Isto é ficção científica a ganhar vida“, refere o especialista em regeneração de pulmões da Universidade de Vermont, Daniel Weiss, à revista New Scientist.
A possibilidade de criação de membros orgânicos é decisiva no âmbito dos transplantes de órgãos e pode, nomeadamente, resolver o problema da rejeição que muitas vezes se verifica. Isto porque se podem usar as próprias células do paciente a transplantar para o cultivo do novo membro.
Trata-se de uma descoberta tão marcante que, no futuro, pode permitir que as pessoas doem, além dos órgãos internos, também as partes externas do seu corpo, nomeadamente os membros, para servirem de base para o cultivo de novos órgãos, conforme destaca o líder do estudo Harald Ott, na The New Scientist.
SV, ZAP