MIGUEL PEREIRA DA SILVA/LUSA

Bombeiros combatem as chamas durante O incêndio que começou perto da Aldeia de Piodão, em Arganil, e se espalhou para Silvares, em Fundão.
Incêndio em Coimbra, que se alastrou para a Guarda e Castelo Branco, destruíu mais área do que o que deflagrou em Vilarinho, na Lousã, em outubro de 2017. O de Freches, Trancoso, entrou no pódio.
O incêndio que deflagrou em Arganil no dia 13 apresenta a maior área ardida de sempre em Portugal, com 64 mil hectares consumidos, segundo o relatório provisório do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).
O incêndio que começou no Piódão, no concelho de Arganil, no distrito de Coimbra, e que entrou em resolução no domingo, ao fim de 11 dias, apresenta uma área ardida de 64.451 hectares, de acordo com o relatório nacional provisório do Sistema de Gestão de Informação de Incêndios Florestais (SGIF) do ICNF, a que a agência Lusa teve acesso.
O relatório, com a última atualização de área ardida feita no domingo, confirma que este incêndio apresenta a maior área ardida de sempre em Portugal desde que há registos, ultrapassando a anterior marca do fogo que começou em Vilarinho, no concelho da Lousã, em outubro de 2017, que tinha atingido 53 mil hectares.
O incêndio que começou em Arganil afetou também os concelhos de Pampilhosa da Serra e Oliveira do Hospital, em Coimbra, da Seia, na Guarda, e Castelo Branco, Fundão e Covilhã, no distrito de Castelo Branco.
Este domingo, pela tarde, as chamas que começaram a lavrar terreno em Piódão constituíam ainda o único incêndio ativo das ocorrências significativas registadas.
Na quarta-feira, o investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) Paulo Fernandes já antevia que o incêndio de Arganil poderia ser o maior incêndio de sempre em Portugal, considerando que aquele fogo “nasceu para ser grande“.
O incêndio começou de madrugada, a partir de dois raios, numa cumeada de difícil acesso, propagando-se muito rapidamente nas primeiras horas, afirmou à agência Lusa o especialista em incêndios e membro das comissões técnicas de análise aos grandes incêndios de 2017.
O incêndio progrediu num território de difícil acesso e numa região que arde sucessivamente, havendo “um contínuo de vegetação cada vez mais homogéneo” que contribui para a progressão do fogo, explicou.
Freches, Trancoso: o terceiro maior incêndio de sempre
O incêndio que começou em Freches, em Trancoso, no dia 9, terá consumido 49.324 hectares e é o segundo maior deste ano e o terceiro maior incêndio de sempre em Portugal.
Já o incêndio com a terceira maior área ardida deste ano, segundo o relatório do SGIF consultado pela Lusa, era o de Sátão, com 13.769 hectares, que se juntou ao de Trancoso, formando um complexo que afetou 11 municípios dos distritos de Viseu e da Guarda.
Freixo de Espada à Cinta (11.697 hectares), os dois incêndios do Sabugal (10.539 e 10.403), um outro incêndio em Trancoso que começou no dia 14 (8.673), Guarda (7.151) e Vila Real (6.007) estão também na lista dos 10 maiores incêndios deste ano, todos estes ocorridos em agosto.
Na lista dos 10 maiores fogos, regista-se apenas um incêndio em julho, em Ponte da Barca (7.164), pode ler-se no relatório consultado pela Lusa.
Este ano, de acordo com o relatório do SGIF, já arderam cerca de 250 mil hectares. Até domingo, registaram-se 80 grandes incêndios (com área superior a 100 hectares) em Portugal este ano, responsáveis por 97% do total da área ardida no país, concluiu o SGIF. De acordo com o relatório provisório do SGIF, Guarda, Viseu e Castelo Branco são os distritos com mais área ardida.
Covilhã (20.257), Sabugal (18.726) e Trancoso (17.239 hectares) são os concelhos mais afetados pelos incêndios em relação à área ardida, seguindo-se Sernancelhe, Mêda, Arganil e Penedono, todos municípios com mais de 10.000 hectares ardidos.
ZAP // Lusa