NASA/ESA/CSA/STScI

Astrónomos usaram o telescópio espacial James Webb para investigar se a “Estrela da Manhã”, a mais distante identificada no universo é, de facto, um enxame estelar.
A estrela mais distante já descoberta pode ter sido mal classificada.
Em vez de ser uma única estrela, o objeto — apelidado de Earendel da palavra inglesa antiga para “estrela da manhã” — pode ser um enxame estelar, um grupo de estrelas que estão ligadas pela gravidade e formadas a partir da mesma nuvem de gás e poeira, sugere nova investigação.
Os astrónomos pensavam que Earendel, descoberta pelo telescópio espacial Hubble em 2022, seria uma estrela que se formou apenas 900 milhões de anos após o Big Bang, quando o universo tinha apenas 7% da sua idade atual.
Agora, num estudo publicado a 31 de julho no The Astrophysical Journal, uma equipa de astrónomos usou o telescópio espacial James Webb (JWST) para dar uma nova olhadela a Earendel.
A equipa quis explorar a possibilidade de Earendel poder não ser uma única estrela ou um sistema binário como anteriormente pensado, mas na realidade tratar-se de um enxame estelar compacto.
Descobriram que as características espectrais de Earendel correspondem às de enxames globulares — um tipo de enxame estelar — encontrados no universo local.
“O que é tranquilizador sobre este trabalho é que se Earendel for realmente um enxame estelar, não é inesperado!”, diz Massimo Pascale, estudante de doutoramento em astronomia na Universidade da Califórnia, Berkeley, e autor principal do estudo, disse ao Live Science.
“Este trabalho conclui que Earendel parece bastante consistente com o que esperamos que os enxames globulares que vemos no universo local teriam parecido no primeiro bilião de anos do universo”, acrescenta o investigador.
Earendel, localizado na galáxia Sunrise Arc a 12,9 mil milhões de anos-luz de nós, foi descoberto através de um fenómeno conhecido como lente gravitacional, um fenómeno previsto pela teoria da relatividade geral de Einstein, no qual objetos massivos dobram a luz que passa por eles.
Um enxame galáctico massivo localizado entre a Terra e Earendel é tão grande que distorce o tecido do espaço-tempo, criando um efeito de ampliação que permitiu aos astrónomos observar a luz de Earendel, que de outra forma seria demasiado fraca para detetar.
Estudos indicam que a estrela aparece pelo menos 4.000 vezes maior devido a este efeito de lente gravitacional.
Este poder de ampliação é mais forte em algumas regiões especiais. Se uma estrela ou galáxia acontecer estar mesmo ao lado de uma destas regiões, a sua imagem pode ser ampliada centenas ou milhares de vezes mais brilhante que o normal.
Earendel parece situar-se extremamente perto de um destes “pontos chave“, razão pela qual o podemos ver mesmo estando quase a 12,9 mil milhões de anos-luz de distância.
Tais alinhamentos quase perfeitos são incrivelmente raros, o que fez os astrónomos considerar explicações alternativas para além de uma única estrela.