Cortesia / IVI

Síndrome dos ovários poliquísticos, doença inflamatória pélvica e cancro precoce. Um diagnóstico precoce faz a diferença.
Muitas mulheres não conseguem engravidar, mesmo após muitas tentativas. E é frequente não encontrar à primeira uma explicação para esse entrave.
A fertilidade feminina pode ser afetada por diversos fatores: a idade da mulher, o stresse crónico, o sedentarismo, o consumo de tabaco e álcool, a obesidade, a alimentação desequilibrada e até doenças crónicas como a diabetes ou a hipertensão.
Refira-se que fertilidade feminina pode ser definida como a capacidade natural de uma mulher engravidar e manter uma gravidez até ao nascimento de um bebé saudável.
E há doenças que podem afetar diretamente a fertilidade feminina, que interferem com o funcionamento normal do sistema reprodutor e tornam o processo de conceção mais difícil.
Catarina Marques, ginecologista e especialista em medicina da reprodução, alerta para essas doenças que estão diretamente associadas à infertilidade feminina e para as quais o diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença.
São doenças que não devem ser encaradas como um motivo de alarme, mas sim como uma chamada de atenção à prevenção, aos rastreios e ao cuidado com o corpo.
A médica destaca cinco doenças – algumas delas comuns e que têm um diagnóstico, por vezes, demorado.
Síndrome dos ovários poliquísticos
É uma das principais causas de infertilidade e afeta entre 10% a 15% das mulheres em idade fértil, com maior prevalência entre mulheres com excesso de peso ou obesidade. É um desequilíbrio hormonal que interfere com a ovulação e pode provocar ciclos menstruais longos, ausência de menstruação, crescimento de pelos em zonas típicas do padrão masculino, acne severa e queda de cabelo.
Endometriose
Estima-se que uma em cada dez mulheres em idade reprodutiva seja afetada por esta doença, muito subdiagnosticada. É a presença de tecido semelhante ao endométrio fora do útero, como nos ovários, trompas ou revestimento abdominal. Este tecido responde às variações hormonais do ciclo menstrual, o que pode provocar dores intensas — durante a menstruação, nas relações sexuais, ao urinar ou evacuar — e, em muitos casos, dificuldade em engravidar.
Doença inflamatória pélvica
É uma infeção dos órgãos reprodutores internos — útero, trompas e ovários — geralmente provocada por infeções sexualmente transmissíveis, como a clamídia ou a gonorreia. Quando não é tratada atempadamente, pode originar lesões e obstruções nas trompas de Falópio, dificultando ou mesmo impedindo a fecundação natural. Os sintomas incluem dor pélvica, febre, corrimento vaginal anormal e dor durante o contacto sexual.
Miomas uterinos
São tumores benignos do útero, relativamente comuns, que podem interferir com a fertilidade dependendo da sua localização e dimensão. Os miomas que se desenvolvem dentro da cavidade uterina podem dificultar a implantação do embrião ou aumentar o risco de aborto. As mulheres podem apresentar sintomas como hemorragias menstruais intensas, dor pélvica ou sensação de pressão abdominal.
Cancro em idade fértil
Ameaça concreta à fertilidade, sobretudo quando exige tratamentos como quimioterapia, radioterapia pélvica ou cirurgia aos ovários e útero. Estes tratamentos podem acelerar a perda da reserva ovárica ou mesmo causar falência prematura dos ovários.