Wikimedia

Várias espécies de fungos – alguns dos quais associados a complicações pulmonares – foram encontradas em boquilhas de cigarros eletrónicos usados por fumadores diários.
O uso de cigarros eletrónicos é geralmente recomendado como uma forma de transição para deixar de fumar. No entanto, isto pode estar a ser um erro, uma vez que os seus impactos na saúde a longo prazo são pouco compreendidos.
Um estudo publicado na semana passada no bioRxiv tentou perceber que microrganismos podem passar dos dispositivos para as vias respiratórias dos fumadores.
Os investigadores cultivaram os microrganismos que encontraram nas boquilhas dos cigarros eletrónicos da amostra (25 pessoas).
Segundo os investigadores, mais de metade dos dispositivos estavam “abundantemente colonizados” por espécies de fungos e 80% destas são capazes de causar problemas de saúde em pessoas.
A mais comum destas espécies foi Cystobasidium minutum, que tem sido associada a infeções sanguíneas entre pessoas com o sistema imunitário comprometido.
Para compreender como poderia afetar os pulmões, a equipa fez com que ratos inalisassem C. minutum, imitando o método de entrada do vaping.
Descobriu-se que o fungo mais prevalente nas amostras de cigarros eletrónicos causou características de bronquite crónica nos ratos.
“Os resíduos deixados dentro do dispositivo podem fornecer uma fonte de alimento para o crescimento de bolores”, disse, à New Scientist, Jason Smith, que foi um dos autores do estudo.
A membro da equipa Katy Deitz diz que não ficou surpreendida com as descobertas, dado que a maioria dos participantes não limpava os dispositivos.
À mesma revista, Ian Musgrave, da Universidade de Adelaide, na Austrália, alertou que há provas de que este método de fumar contribuiu para doenças pulmonares induzidas por microrganismos: “O que é interessante é que a microbiota encontrada neste estudo foi dominada por fungos potencialmente patogénicos, que são raros no microbioma da boca”.