The Trump Show: ex-apresentadora da Fox News é a nova procuradora de Washington

Gage Skidmore / Flickr

Jeanine Pirro, nova procuradora de Washington

O Senado norte-americano confirmou a nomeação de Jeanine Pirro, ex-apresentadora da Fox News cujas declarações falsas sobre as eleições de 2020 fizeram parte de um processo contra a emissora, como procuradora de Washington. A Administração Trump é cada vez mais um Reality Show.

A ex-apresentadora do “The Five” na Fox News Jeanine Pirro foi este sábado confirmada pela câmara alta do Congresso dos Estados Unidos, com 50 votos a favor e 45 votos contra, como nova procuradora de Washington.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, tinha anunciado em maio, na sua rede social Truth Social, a nomeação de Pirro como procuradora interina dos EUA para o Distrito de Columbia. Posteriormente, indicou-a para o cargo a título permanente.

Trump tinha inicialmente nomeado o procurador-geral interino Ed Martin, mas acabou por retirar essa nomeação após pressão dos republicanos do Senado.

Na sua publicação, Donald Trump justificou a nomeação, recordando que Pirro foi procuradora-adjunta do condado de Westchester, em Nova Iorque, além de juíza de condado e procuradora distrital.

Após o anúncio do líder republicano, a Fox News anunciou que Pirro cessaria de imediato a sua colaboração com a cadeia televisiva.

Pirro foi uma das apresentadoras da Fox visada numa ação judicial movida por questionar a validade das contagens das eleições presidenciais de 2020 nas transmissões da emissora. A Fox resolveu o caso fora do tribunal e foi forçada a reconhecer a falsidade das declarações de Pirro e de outras apresentadoras.

Em janeiro de 2021, nos últimos dias do seu primeiro mandato na Casa Branca, Trump concedeu um perdão presidencial ao ex-marido de Pirro e antigo advogado republicano, Albert J. Pirro, condenado em 2000 por conspiração e evasão fiscal.

The Trump Show

Com a nomeação de Pirro, são agora 10 as personalidades ligadas à televisão que Donald Trump nomeou para a sua Administração ou para altos cargos da hierarquia do Estado nos EUA — com destaque para os provenientes da Fox News.

À cabeça desta lista, aqui coligida pela Newsweek, está Pete Hegseth, o atual Secretário da Defesa dos Estados Unidos, que ganhou muito mais do que 15 minutos de fama depois de ter partilhado com um jornalista no Signal, por engano, informação militar confidencial.

Também Sean Duffy, ex‑estrela de um reality show na MTV e mais tarde apresentador na Fox Business / Fox News, foi nomeado para a Administração Trump, sendo atualmente Secretário dos Transportes dos EUA.

A ex-congressista Tulsi Gabbard, comentadora habitual na Fox News, foi nomeada diretora da NSI, a controversa agência de Inteligência dos Estados Unidos.

O famigerado Mehmet Oz, antigo apresentador da The Dr. Oz Show durante mais de uma década, é agora o diretor dos Serviços de Saúde e Medicare dos EUA. Várias vezes alvo de investigações sobre ética publicitária, foi criticado por promover no seu programa, durante a pandemia de COVID‑19, tratamentos não comprovados e suplementos com pouca evidência científica.

A TV parece ser um campo de recrutamento por excelência na área da saúde para Trump, que nomeou a médica Janette Nesheiwat, presença regular na Fox News, como Cirurgiã-Geral dos EUA. Pelo menos, Nesheiwat é efetivamente médica.

Não é incomum personalidades ligadas à televisão ascenderem a cargos políticos. O nosso próprio presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, passou algumas temporadas a entreter os telespetadores no seu programa dominical de comentário na TVI.

Marcelo poderá vir a ser sucedido no cargo por Luís Marques Mendes, que lhe sucedeu também na cadeira de comentador na mesma cadeia de televisão, ou por algum dos putativos candidatos a presidente que apresentam como currículo as estrelas de general com que comentam a Guerra nas televisões.

Mas em Portugal, até ver, as estrelas de televisão que chegam ao estrelato na política passam por um escrutínio específico: as urnas.

ZAP // Lusa

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