Zelensky recua nas “escandalosas” leis sobre corrupção (arriscava perder aliados)

Sergey Dolzhenko / EPA

Protestos na Ucrânia contra lei sobre agências anti-corrupção

Em causa uma lei que eliminaria a independência das duas instituições responsáveis pelo combate à corrupção.

A confusão surgiu na semana passada: os deputados ucranianos aprovaram uma lei que elimina a independência das duas instituições responsáveis pelo combate à corrupção na Ucrânia. Esta decisão surgiu na sequência da detenção de um ex-deputado e vários funcionários de uma dessas organizações.

Os protestos acumularam-se. Foram talvez os maiores protestos na Ucrânia desde que a Rússia invadiu o país há mais de três anos. Ainda nesta quarta-feira houve novas manifestações.

O presidente Volodymyr Zelenskyy anunciou entretanto que propôs um novo projecto-de-lei para garantir a independência dos organismos anticorrupção do país.

O Kyiv Post escreveu na altura que a (primeira) lei assinada pelo presidente da Ucrânia é “escandalosa”. A Monocle Radio descreve este “escândalo” anti-corrupção.

Zelenskyy ia defendendo a proposta: a nova estrutura anti-corrupção deve ser “limpa das influências russas”.

As críticas também tinham surgido de fora. Como escreve o Expresso, Zelenskyy acabou por levantar dúvidas sobre a sinceridade dos compromissos anti-corrupção da Ucrânia e arriscou perder aliados ocidentais; houve mesmo telefonemas com governos de Alemanha, França e Reino Unido. Além de arriscar perder o apoio da população ucraniana.

É que, a nível interno, a corrupção é vista como a maior ameaça ao desenvolvimento do país – até mais do que a invasão da Rússia, segundo uma sondagem realizada há um ano.

A nova lei é votada hoje, quinta-feira. Repõe a independência das agências anti-corrupção. A Ucrânia vai corrigir essa polémica lei, assegurou o ministro dos Negócios Estrangeiros à AFP, Andrii Sybiha.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.