Peixinhos imprudentes foram vítimas do risco de asfixia mais antigo do mundo

J. Geppert et al.

Espécime de Tharsis com partes de belemnite, um petisco que se revelou mortal há cerca de 150 milhões de anos

Foram descobertos os primeiros casos conhecidos de asfixia acidental, que remontam a 150 milhões de anos – quando alguns peixinhos irresponsáveis engoliram mais do que deviam…

O Tharsis é um género extinto de peixes de barbatanas raiadas (Actinopterygii). Estes peixinhos já extintos eram micro-carnívoros com dentes minúsculos, sobreviviam muito provavelmente com uma dieta constante de zooplâncton ou outros organismos pequenos, utilizando uma alimentação por sucção que exigia pouca decomposição das suas pequenas refeições.

No entanto, alguns fósseis curiosos contam uma história diferente de como alguns Tharsis literalmente mordiam mais do que podiam mastigar.

Foi o que concluiu uma equipa de investigadores da Ludwig-Maximilians-Universität München (LMU Munique), à margem de um estudo publicado recentemente na Scientific Reports.

Em fósseis encontrados nas lagoas do arquipélago de Solnhofen (uma série de massas de água que existiram durante o período Jurássico Superior), no sul da Europa, os cientistas viram restos de peixe entrelaçados com rostra – as estruturas internas, dos extintos belemnites Hibolithes, semelhantes a lulas.

Segundo a descrição dos investigadores, os belemnites Hibolithes de corpo mole pareciam estar presos nas bocas e guelras dos peixes.

Além disso, os fósseis estavam tão bem preservados que os belemnites também tinham restos de epibiontes agarrados aos seus corpos, como as ostras.

Foi a existência destes organismos que se deslocavam por conta própria que indicou aos investigadores que os belemnites tinham morrido há muito tempo, uma vez que as larvas de bivalves não se fixam a tecidos de cefalópodes vivos e em movimento livre.

Como cita a New Atlas, pensa-se que as partes do corpo dos belemnites estiveram a flutuar na coluna de água da lagoa durante algum tempo antes de um indivíduo de Tharsis ter feito a sua escolha mortal.

As provas sugerem que os espécimes subadultos de Tharsis mordiscaram e sugaram tapetes microbianos ou restos de tecidos moles de uma belemnite morta e flutuante e, acidentalmente, sugaram o “bolbo” na extremidade do rostro.

“Uma vez que isto aconteceu, o belemnite provou ser uma armadilha mortal devido à sua forma peculiar e ao seu tamanho. Apesar de o peixe tentar passar o objeto obstrutivo pelas guelras, não havia forma de se livrar dele, levando-o à morte por asfixia“, escreveu a equipa.

Os fascinantes fósseis mostram que os restos de belemnite entrou no peixe pela boca e, devido à forma de bala do animal, encheu rapidamente a boca do Tharsis.

O peixe, então, engasgando-se com o lanche, teria tentado empurrar o tecido de belemnite para fora através das guelras, enquanto outra parte permaneceu na cavidade bucal, sufocando o animal naquele processo de aflição.

É o primeiro caso conhecido deste tipo de morte por asfixia em vertebrados.

Os cientistas acreditam que não se tratou de um caso em que os peixes tinham “mais olhos do que barriga”. O mais provável é que estivessem a tentar mordiscar lodo ou algas da carcaça do belemnite e acabaram acidentalmente por se engasgar. Ali, provavelmente, nem uma manobra de Heimlich os salvaria.

ZAP //

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