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Mulher fica com “síndrome do nariz vazio” depois de cirurgia. O que é essa síndrome?

Emmanuelle desenvolve condição rara e debilitante após uma cirurgia durante a gravidez. Falta de esclarecimento, procedimento invasivo.

Foi sujeita a uma cirurgia e ficou com uma síndrome que nem a própria sabia que existia.

Emmanuelle Almeida tem 47 anos. É brasileira e desenvolveu uma condição rara e debilitante conhecida como Síndrome do Nariz Vazio (SNV) após ser submetida a uma cirurgia durante a gravidez.

O caso, relatado pela revista Galileu, chama a atenção para os riscos de procedimentos invasivos nos cornetos nasais, sobretudo quando realizados sem o devido esclarecimento e acompanhamento médico adequado.

A Síndrome do Nariz Vazio ocorre quando há remoção excessiva dos cornetos nasais — estruturas que humidificam, aquecem e filtram o ar inalado — durante cirurgias como a turbinectomia.

Embora o objectivo do procedimento seja aliviar dificuldades respiratórias, a sua execução imprudente pode provocar efeitos secundários graves, como dores intensas, sensação de sufoco, secura nasal extrema e hemorragias.

O drama de Emmanuelle teve início durante a pandemia, quando estava grávida de cinco meses e foi diagnosticada com uma rinite gestacional severa. Sem historial de doenças respiratórias, começou a sofrer de apneia do sono e tensão arterial elevada, o que a impedia de utilizar descongestionantes.

Após não apresentar melhorias com um tratamento à base de corticoides, foi aconselhada por um otorrinolaringologista a submeter-se a uma cirurgia de cauterização dos cornetos nasais, em conjunto com uma septoplastia.

Apesar das promessas de melhoria imediata, Emmanuelle acordou da cirurgia com dores intensas e uma sensação de queimadura dentro do nariz.

O pós-operatório foi marcado por grande sofrimento físico e pela ausência de respostas claras por parte do médico responsável. Durante a gestação, procurou outros profissionais, enfrentou duas infecções e, devido às dores persistentes, teve de recorrer a antibióticos e corticoides.

Após o parto, em março de 2021, a situação agravou-se. A exposição a ambientes climatizados passou a causar ardor facial e um ressequimento insuportável, afectando seriamente a sua qualidade de vida.

Incapaz de trabalhar, estudar ou realizar tarefas domésticas simples, Emmanuelle descobriu que grande parte dos seus cornetos nasais tinha sido removida, o que levou ao diagnóstico de SNV.

Embora rara, a condição pode afectar entre 8% e 20% dos pacientes submetidos a cirurgias semelhantes, segundo estudos científicos. Emmanuelle viria a encontrar, mais tarde, grupos de vítimas com relatos semelhantes em várias regiões do Brasil, mas o país ainda não dispõe de dados oficiais sobre a prevalência desta síndrome.

Não existe cura definitiva para a SNV. Têm sido testadas cirurgias experimentais com enxertos de silicone, cartilagem sintética ou cartilagem retirada da costela, mas os resultados são incertos e, por vezes, negativos.

Até ao momento, os únicos tratamentos disponíveis são paliativos, como humidificadores, soros em gel e medicamentos para dores neuropáticas.

Para além das limitações físicas, Emmanuelle desenvolveu ansiedade e depressão — condições frequentes entre doentes com SNV. “O corpo pede descanso e não se consegue dormir. Isto destrói a saúde física e mental”, desabafa.

ZAP //

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