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Entre 2020 e 2023, morreram em Portugal 55 crianças e jovens por afogamento. A maioria eram adolescentes e tinham mais de 15 anos.
Mais de 50 crianças e jovens morreram por afogamento entre 2020 e 2023, segundo dados da Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI), que juntamente com a GNR tem em curso a Campanha de Prevenção de Afogamentos.
Num comunicado conjunto, a APSI e a Guarda Nacional Republicana (GNR) relembram a campanha que teve inicio em 16 de junho e termina a 30 de setembro que visa sensibilizar as famílias para a importância das regras de segurança a respeitar junto da água, nomeadamente, nas praias, rios, barragens, piscinas ou tanques.
De acordo com dados da APSI, entre 2020 e 2023 morreram 55 crianças e jovens por afogamento (14 em 2020, 12 em 2021,19 em 2022 e 10 em 2023, segundo os números do Instituto Nacional de Estatísticas).
19 das crianças que morreram por afogamento tinham até 4 anos, quatro entre os 5 e os 9, oito adolescentes entre os 10 e os 14 anos e 24 jovens entre os 15 e os 19 anos.
De acordo com os dados da APSI, que têm por bases casos noticiados na imprensa, as piscinas são o local onde acontecem mais afogamentos, principalmente as de uso particular.
“De uma maneira geral, o número de mortes e internamentos em crianças e jovens na sequência de um afogamento tem diminuído nas últimas décadas – de 28 para 10 no caso das mortes e de 49 para 10 no caso dos internamentos (anos 2002 e 2023 respetivamente)”, refere a APSI.
Contudo, entre 2020 e 2023 o número médio de mortes por afogamento, por ano, subiu para 14 (quando 7,3 foi a média do triénio antecessor).
“Este facto, associado ao maior número de casos de afogamentos fatais e não fatais registados na imprensa nos últimos cinco anos, parece indiciar, ao contrário do que vinha acontecendo, uma tendência de aumento no número de mortes por afogamento”, indica a Associação.
A APSI refere também que nos casos reencaminhados pelo 112 para o CODU/INEM, que incluem os acidentes de mergulho, se verificou um aumento em 2020, 2021, 2022 e 2023.
Em 2024, a APSI registou 12 casos de afogamento noticiados na imprensa, tendo sete sido fatais.
“Os casos noticiados pela imprensa nos últimos cinco anos, nomeadamente com desfecho fatal, foram mais elevados do que nos anos anteriores. Isto poderá indiciar um aumento dos casos de afogamentos fatais nos anos mais recentes”, é referido no relatório.
“Alarmante”
São conclusões “um bocadinho alarmantes”, admitiu Rosa Afonso, também da APSI.
Rosa salienta que a partir de 2020 houve um aumento substancial do número de mortes por afogamento: “O que vinha a ser um padrão positivo inverte-se de uma forma bastante cruel, que nos deixa muito preocupados”.
“Passámos de uma média que estava abaixo da dezena há vários anos, para uma média de 14 vítimas por ano”, acrescenta, na TSF.
A responsável da associação tem noção de que esta subida “não é um exclusivo português” está a acontecer de forma “muito generalizada”.
Inicialmente atribuiu-se este aumento à pandemia: escolas de natação fechadas, capacitações de crianças comprometidas, equipamentos que fecharam, menos valências.
“Mas é preciso esperar mais algum tempo para confirmar se isto é um padrão a manter, e se há que agir já ontem; ou se isto se pode reverter novamente”, explica.
A Associação para a Promoção da Segurança Infantil recomenda aos pais uma vigilância ativa junto das crianças, terem barreiras e vedações à volta das piscinas, e as crianças devem usar sempre boias e braçadeiras.
ZAP // Lusa