Dois faróis e muitas lendas. Calf of Man é o lugar mais remoto do Reino Unido, mas quem a visita sair com uma boa dose de natureza. Até lá vivem 4 pessoas — mas só no verão.
A Calf of Man é o mais raro dos destinos nas Ilhas Britânicas, descreve a BBC. Isto devido ao seu afastamento (e às condições necessárias para lá chegar).
Mas esta pequena “gota” de 2.50 km2 pertencente à Isle of Men, entre a Irlanda e o Reino Unido, está cheia de história.
A nível de infraestruturas, conta com pouco mais do que dois faróis em ruínas, mas o que mais se vê na Calf of Man é a avifauna migratória, incluindo a cagarra preta e branca de Manx, uma importante espécie no Reino Unido.
“A cagarra, outrora predada por ratos invasores, recuperou para cerca de 1500 casais. No ano passado, nasceu um número recorde de crias de foca. Estão a ser feitos esforços para encorajar os papagaios-do-mar a nidificar. É muito para assimilar”, comenta Shaun Murphy
Há viagens todos os dias para esta remota parte da Isle of Man (e barcos turísticos da Ilha de Man para o Calf of Man operam diariamente de maio a setembro), mas apenas de março a novembro — fortes correntes de maré do Mar da Irlanda e o turbilhão do Calf Sound tornam a travessia demasiado perigosa.
E é sempre ariscado atravessar o traiçoeiro mar irlandês — por vezes, com os vendavais e as marés vivas, a ilha pode ficar isolada durante semanas e, logo abaixo da superfície, o fundo do mar está repleto de navios naufragados.
“Em julho passado, não zarpámos uma única vez”, exemplifica Steve Clague, um marinheiro “Manx”, a alcunha dada aos habitantes de Isle of Man. Mas “oO Calf é um lugar único e belo. Imaculado e sempre a transformar-se. O truque não é vir uma vez, mas vê-lo em todos os seus diferentes estados de espírito. É uma pequena cápsula do tempo”.
Atualmente, é habitada (só no verão) por dois guardas da vida selvagem e dois voluntários intermitentes que cuidam do observatório de aves de março a novembro.
Lendas e histórias
Há mais de 1.000 anos, diz-se que monges e eremitas cristãos viveram aqui, construindo um keeill cristão primitivo, ou capela Manx. Mas esta é não é a única lenda que se conta sobre Calf of Man.
Há mesmo quem garanta que os fugitivos do período isabelino em Inglaterra se refugiaram na ilha durante as perseguições. Nos séculos seguintes, os criadores de ovelhas, os faroleiros e uma série de proprietários tentaram domesticar o lado selvagem da ilha.
Um desses proprietários foi Francis Jeffrey Dickens, filho do romancista inglês Charles Dickens, que acabou por oferecer a ilha ao National Trust em 1939 para ser preservada como reserva natural.