PCP vai apresentar moção de rejeição ao Governo – uma “tripla” que não preocupa

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Nuno Veiga / LUSA

O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo

O PCP vai apresentar uma moção de rejeição do programa do Governo, considerando que não é preciso esperar pelo documento para saber que vai conter “ataques aos serviços públicos e direitos dos trabalhadores”.

“Não podemos ficar à espera e temos de fazer tudo o que está ao nosso alcance para travar o desmantelamento do SNS, o assalto à Segurança Social, às alterações laborais, o processo de privatizações que está em curso. E a primeira iniciativa para travar isso é a apresentação de uma moção de rejeição ao programa do Governo”, anunciou, esta terça-feira, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo.

Em conferência de imprensa na sede nacional do PCP, em Lisboa, após uma reunião do Comité Central do partido, esta terça-feira, Raimundo antecipou eventuais críticas sobre a apresentação de uma moção de rejeição de um programa de Governo que ainda não se conhece, Paulo Raimundo disse que “todos conhecem qual é a agenda, o que é que se perspetiva”.

“É uma tripla”

Interrogado porque é que o PCP decidiu avançar com uma moção de rejeição que, à partida, deverá ser chumbada, Paulo Raimundo considerou que “terá um grande significado político, de condenação à política que o Governo quer apresentar”.

“E terá outro significado importantíssimo: é que nós vamos dar combate ao Governo e à sua política, ao projeto e à agenda reacionária da direita em todas as frentes, na frente institucional e em todas as frentes de luta”, reiterou.

“[A moção de rejeição] é uma tripla: vale pelo ato em si, pela condenação, e pelo que abre de esperança. Nós também não temos grande ilusões, mas não há nada que negue à partida uma moção que ainda se desconhece”, disse.

Marcelo despreocupado

O Presidente da República afirmou, esta terça-feira, não ver problema na moção de rejeição do Programa do Governo anunciada pelo PCP.

Marcelo Rebelo de Sousa assumiu estas posições em declarações à CNN Portugal, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa.

Interrogado se a moção de rejeição do PCP pode dificultar o processo em curso, o chefe de Estado respondeu: “Não, o PCP será recebido depois de amanhã [sexta-feira] e eu penso que até clarificou“.

O PCP tem sempre mantido posições deste teor. Pode mantê-las porque tem um grupo parlamentar – só os grupos parlamentares é que podem apresentar moções de rejeição. Portanto, não foi uma surpresa nem é um problema que afete quer as reuniões com o PCP quer com os outros partidos que faltam”, acrescentou.

Reuniões são para repetir

Depois de ter falado brevemente aos jornalistas hoje ao fim da tarde, sinalizando que não queria falar das audiências aos partidos sobre a formação do próximo Governo, o chefe de Estado alongou-se mais nestas declarações à CNN, reiterando que as reuniões “correram bem”, mas são para repetir.

Segundo Marcelo, houve “um ponto comum, que é procurar estabilidade”.

O encontro com Luís Montenegro permitiu “perceber a sensibilidade do primeiro-ministro e do partido”, enquanto a reunião com secretário-geral cessante do PS Pedro Nuno Santos foi “simbólica”.

“Foi muito curta, porque [Pedro Nuno Santos] foi apresentar cumprimentos, despedir-se. Acabámos por falar do passado recente, e eu já tinha marcado, mas confirmou-se uma outra reunião com o PS e também com o PSD na semana que vem, quando forem conhecidos os resultados provisórios com os emigrantes, o que será dia 28”, acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que a reunião com André Ventura também “foi relativamente curta porque também será recebido no dia 28“.

O Presidente da República espera que na próxima semana haja “os dados possíveis para o processo seguir o ritmo previsto, que é um ritmo que permita de facto, até 10 de Junho, sendo isso possível, haver Governo”, estimando que, se for assim, o debate do Programa do Governo “se possa seguir aos feriados de junho”.

Questionado sobre com quem entender-se irá um Governo da AD (PSD/CDS-PP), Marcelo Rebelo de Sousa retorquiu: “É cedo para estar a pronunciar-me. Eu não vou contar as conversas particulares tidas lá, embora de natureza política, mas privada, de alguma maneira”.

“Não vou contar isso, mas a ideia de que a garantia fundamental é a de que o Governo tenha condições para arrancar, e depois a própria lógica das coisas mostra e mostrará que todos são interessados em não ter crises que instabilizem a situação portuguesa”, considerou.

ZAP // Lusa

11 Comments

  1. O que é que 3 gatos pingados, com todo o respeito para os gatos, pretendem conseguir fazer? É claro que mantêm os braços armados do partido. Espero bem que o governo que tomar posse, na sua constituição possível, coloque os pontos nos iii quanto às greves, acções visíveis do PCP/CDU.

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      • Bafio? É perguntar às pessoas humildes da Linha de Sintra, que necessitam ir trabalhar para Lisboa e os comboios não aparecem. Ou deixam os filhos ir para a escola, os que já conseguem ir de forma autónoma, e vêm a descobrir que aquela está fechadas porque 3 funcionários de áreas vitais, fazem greve. Esse, sim é o bafio da nossa sociedade. O PCP+BE+LIVRE julgam que estão no PREC.

    • O Partido Comunista Português de Cunhal e até aos dias de hoje sempre foi uma fraude, e já cumpriu fielmente o seu papel e trabalho nestes 50 anos em favor deste ilegítimo, criminoso, corrupto, e anti-democrático regime liberal/maçónico imposto pelo golpe de Estado da OTAN em 25 de Abril de 1974.
      Tudo tem um princípio e um fim, os votantes do PCP já votam por conveniência no Partido Chega, a fraude continua mas noutro lado.

  2. Isto é só para “boi dormir”, para os filiados no PCP se entreterem. Esta ação até pode ser considerada de má fé, por não saberem quais as diretrizes do governo. Mas enfim é o PCP no caminho para sua extinção no parlamento.

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  3. O facto de Paulo Raimundo, atual secretário-geral, estar a rejeitar um programa de governo que ainda não existe, provavelmente reflete as dificuldades internas do partido, após mais uma derrota eleitoral.
    Com a diminuição do apoio eleitoral (base de apoio a envelhecer e uma perda de relevância entre os eleitores mais jovens) e a sua perda de relevância na política atual, o PCP pode estar a viver um momento de crise existencial. A política está cada vez mais polarizada, e para um partido como o PCP, que tem uma identidade profundamente enraizada no passado ativista, adaptar-se aos tempos modernos e renovar-se de forma eficaz é um desafio muito exigente.
    Em muitos países, os partidos históricos da esquerda, com raízes no movimento operário e nas ideologias comunistas, enfrentaram grandes desafios em se manter relevantes num mundo político cada vez mais globalizado e centrado em questões novas (tentativa de renovação da mensagem política), como a identidade, as mudanças climáticas ou as desigualdades económicas que não se encaixam tão bem nas velhas categorias ideológicas.
    No caso do PCP, o envelhecimento da sua base eleitoral, a dificuldade em renovar-se e adaptar-se às novas realidades políticas e sociais, e a concorrência de novas forças à esquerda podem ser fatores que tornam a sua sobrevivência a longo prazo difícil. A estratégia do partido, que muitas vezes parece anacrónica, pode não estar a ressoar com as novas gerações, que tendem a procurar alternativas mais modernas ou pragmáticas.
    Tudo tem um tempo. Este é o partido da velha cassete. Se o PCP continuar a manter uma postura rígida e não se adaptar às novas necessidades e preocupações da sociedade portuguesa, a tendência de desaparecimento político poderá ser uma realidade, a curto prazo.

  4. O PCP acaba de passar de 4 a 3 deputados! De eleição a eleição lá se vão reduzindo. Já refletiram porque estão a desaparecer, apesar de cantarem sempre vitória?
    Portanto, a vitória do PCP é desaparecer da Assembleia da República.

  5. Então este desgraçado vai rejeitar um programa de Governo que ainda não existe? Isto é um partido a definhar completamente. Chegou a 50 deputados (com Ávaro Cunhal) e agora só restam três. Como a velhada (eleitores) vai partindo, na próxima é para fecharem as portas.

  6. Mais uma jogada de mestre do PCP, estou perfeitamente de acordo com esta estratégia, os resultados mostram que o PCP sempre faz jogadas de mestre e aprendem com os erros. Em 2015 tiveram 17 deputados, em 2019 12 deputados, em 2022 – 6 deputados, 2024 – 4 deputados e em 2025 – 3 deputados . Ou seja em 10 anos passaram de 17 para 3. Acho que devem continuar, com sorte em mais 10 anos desaparecem completamente.

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