Os submersíveis de águas profundas mergulham há várias décadas. No entanto, ainda só explorámos menos de 0,001% do fundo do mar.
Um estudo publicado esta quarta-feira na Science Advances revelou que os seres humanos observaram diretamente apenas uma pequena fração – menos de 0,001% – do fundo do mar global, deixando a grande maioria do nosso planeta inexplorado.
Os oceanos constituem 71% da superfície total da Terra e cerca de 93% dessa área é fundo marinho profundo (com mais de 200 metros de profundidade).
Embora grande parte desta região oceânica tenha sido mapeada usando satélites e sonares instalados em navios, pouco ou nada foi observado diretamente.
Como escreve a New Scientist, o mar profundo só começou a ser explorado na década de 1950, quando foram desenvolvidas embarcações submersíveis capazes de atingir as profundidades necessárias.
Naquela que foi a primeira análise abrangente dos mergulhos em águas profunda, o novo estudo analisou 43.681 registos de atividades de submersão profunda desde essa época para avaliar quanto do fundo do mar profundo foi estudado diretamente.
A conclusão foi que 99,999% do fundo do mar profundo ainda não foi explorado.
“Isso mostra o quão pouco sabemos e o quanto ainda há para entender”, disse, à New Scientist, a líder da investigação, Katherine Bell, do grupo sem fins lucrativos Ocean Discovery League, dos EUA.
“Podem existir ecossistemas inteiros que se originam na escuridão e se alimentam desta água quente rica em minerais que emerge do fundo do mar”, acrescentou.
A equipa também descobriu que, em quase 70 anos de mergulhos em águas profundas, menos de 20% ocorreram em alto mar, também conhecido como águas internacionais.
Em vez disso, as observações em águas profundas nas águas dos EUA, Japão e Nova Zelândia representam 71% de todos os mergulhos – o que põe em causa o conhecimento real de todo um ecossistema.
Bell diz que isto é equivalente a continentes inteiros que permanecem inexplorados: “Se explorámos apenas a América do Norte, Japão e Nova Zelândia, como podemos realmente saber o que há nas savanas da África ou nas florestas do Sudeste Asiático?”, questionou.
No mar é a mesma coisa. “Precisamos de uma visão muito mais representativa e menos tendenciosa do fundo do mar profundo”, concluiu a especialista.