Infiltrações de metano quente podem suportar vida sob o manto de gelo da Antártida

Nova descoberta ajuda-nos a perceber como seria a vida em lugares com características semelhantes fora da Terra.

Os micróbios que vivem por baixo do manto de gelo da Antártida podem sobreviver com o metano gerado pelo calor geotérmico que sobe das profundezas da superfície da Terra. Assim descobriram os autores de um estudo publicado no EarthArXiv.

“Poderão ser pontos quentes para micróbios que estão adaptados a viver nestas áreas”, diz à New Scientist Gavin Piccione, investigador da Universidade de Brown em Rhode Island.

Na verdade, era já sabido que existem metano sob o gelo da Antártida, mas o que se descobrira até agora era gerado por outros micróbios que decompunham a matéria orgânica nos primeiros metros de sedimento por baixo do gelo.

Agora, os investigadores perceberam que este metano vem de uma origem diferente. Na verdade, é o calor geotérmico que decompõe lentamente a matéria orgânica enterrada a uma maior profundidade sob o manto de gelo.

“O acesso ao registo rochoso na Antártida é extremamente difícil”, afirma Piccione, mas o estudo foi feito com recurso a isótopos de carbono em gravilha recolhida em dois locais diferentes.

Os isótopos revelaram que o metano fora gerado geotermicamente a temperaturas de cerca de 20°C. “Isto é demasiado quente para qualquer água subglaciar”, comenta o cientista.

Esta trata-se, ressaltam os investigadores, da primeira prova de que o metano se forma por baixo do manto de gelo. “O que isto provavelmente significa é que qualquer estimativa que tenhamos da quantidade de metano existente sob o gelo é provavelmente demasiado baixa“.

Esta qauntidade poderia aumentar o tamanho potencial da zona habitável para os micróbios sob o gelo. “Debaixo de uma camada de gelo, as opções de energia são realmente limitadas”.

Este estudo é ainda importante para percebermos como funcionaria a vida em ambientes gelados semelhantes, por exemplo na lua de Júpiter, Europa. Piccione comenta que a Antártida “é o nosso melhor análogo para o que pode estar a acontecer com a vida noutro mundo gelado”.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.