Um novo estudo revelou que a utilização de telemóveis, computadores e da Internet abranda o declínio cognitivo em pessoas com mais de 50 anos.
A ideia de que os telemóveis e a Internet reduzem as capacidades cognitivas de uma pessoa – a “demência digital” – tem preocupado os especialistas.
Contudo, um estudo publicado esta segunda-feira na Nature Human Behaviour revelou que, entre as pessoas com mais de 50 anos, estas tecnologias parecem, afinal, ter o efeito oposto.
Uma meta-análise de cerca de 60 estudos que envolveu 410.000 pessoas deste grupo etário concluiu que as pessoas que passam mais tempo com telemóveis, computadores e na Internet têm menos probabilidades de sofrer de perturbações cognitivas.
Além disso, essas pessoas têm um declínio cognitivo mais lento do que quem passa menos tempo a utilizar estas tecnologias.
Há muito que existe uma preocupação sobre a forma como a utilização das tecnologias está a afetar o nosso cérebro. Para saber mais, Jared Benge, da Universidade do Texas, e Michael Scullin, da Universidade de Baylor (EUA), pesquisaram na literatura estudos que envolvessem a utilização de tecnologias digitais em pessoas com mais de 50 anos.
Os estudo concluiu que existem três razões pelas quais a tecnologia digital pode retardar o declínio cognitivo.
A primeira é que as atividades digitais são mais complexas e interativas do que apenas ver televisão.
A segunda é o facto de ajudar as pessoas a ligarem-se a outras, por exemplo, através de videochamadas.
O terceiro é o facto de poder ajudar as pessoas a manterem-se independentes durante mais tempo.
Apesar deste resultados, os investigadores salientam que as pessoas que participaram nestes estudos não tinham telemóveis nem acesso à Internet quando eram crianças. “Ou seja, será que isto se aplica aos nativos digitais?“, questionou Bengue, em declarações à New Scientist.