Conheça o Kagu: Raro, sem voo e com uma caraterística incomum numa ave

Se um dia for às florestas da Nova Cadelónia, em território francês, encontrará fantasmas… quer dizer, na verdade são kagus.

Conhecidos pelos nativos do território insular como o “fantasma da floresta“, estes pássaros que não voam são não só um emblema do arquipélago, mas também possuem uma característica curiosa que não se encontra em nenhuma outra espécie de ave conhecida.

Segundo o IFL Science, a característica em questão são os seus cornos nasais, estruturas em forma de aba feitas de pele que cobrem as narinas de um kagu.

Os kagus — ou cagous — até obtêm parte do seu nome científico, Rhynochetos jubatus, desta característica única; o género, Rhynocetos, deriva das palavras gregas para “nariz” e “milho”.

Pensa-se que os kagus têm estes calos nasais para impedir que a sujidade e outros detritos entrem no seu nariz quando andam à procura de alimentos deliciosos como insetos, caracóis e lagartos.

Contudo, esta característica peculiar, mas muito útil, está em risco de desaparecer completamente das aves, visto que os kagus são uma espécie em vias de extinção — e chegaram a este ponto devido à atividade humana.

No final do século XIX — por volta da altura em que os europeus se começaram a instalar no arquipélago — acabaram por ficar à beira da extinção devido à procura das suas penas de crista, que eram um complemento decorativo popular para os chapéus.

Embora essa moda tenha chegado ao fim, os kagus continuaram a enfrentar ameaças, com a predação por cães e outros animais introduzidos, bem como a perda de habitat, causando o declínio dos números. Atualmente, estima-se que restem apenas 600 a 2000 destas aves.

Há, ainda, alguma esperança. Os conservacionistas têm trabalhado durante décadas para garantir a sobrevivência da espécie, com programas de reprodução e esforços para combater os predadores.

O kagu pode ainda não estar fora de perigo, mas esse trabalho parece estar a dar frutos. Jean-Marc Meriot, que gere o parque Rivière Bleue, disse que, em 1984, havia cerca de 60 kagus a viver no parque. Em 2024, estima-se que havia mais de 1000.

“Agora temos áreas florestais com novos pares de kagus“, disse Meriot. “A população de kagus está a ir muito bem, está em constante expansão e as coisas não podiam estar melhores”.

Teresa Oliveira Campos, ZAP //

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